Resumo
O ingresso na vida acadêmica é reconhecido como uma fase de mudanças, onde muitas vezes, na tentativa de conciliar vida acadêmica, profissional e pessoal, há necessidade de aumentar o tempo de vigília. Desse modo, psicoestimulantes como a cafeína costumam ser os mais utilizados, esse em específico pela sua teórica segurança. Contudo, quando em elevadas doses a cafeína pode surtir efeitos adversos, dentre os quais cita-se queda na qualidade do sono. Logo, o objetivo deste trabalho é analisar a prevalência do consumo da cafeína por estudantes da área de saúde e associá-las às repercussões no sono dos estudantes. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica exploratória, do tipo revisão de literatura integrativa, nas bases de dados SciELO, MEDLINE, LILACS, BDENF e IBECS; utilizando os descritores “Estudantes de Ciências da Saúde", “Sono” e “Cafeína”, combinados pelo operador booleano AND e OR. Para tal, foram incluídos trabalhos publicados nos últimos 5 anos (2018-2023), nos idiomas português, inglês e espanhol e todos relacionados a temática. Optou-se por excluir trabalhos com abordagem narrativa, os relatos de caso, de experiência, capítulos de livros, editoriais e possíveis duplicatas. Após realização das três etapas de filtragem – leitura por títulos, resumos e integral – foi obtido uma amostra de 16 artigos. Na literatura disponível foi observado prevalência de consumo dos psicoestimulantes naturais, destaque para cafeína, estudos justificaram isso pela maior facilidade e menor custo de aquisição. Identificou-se a predominância de consumo de cafeína via bebidas energéticas entre os estudantes, ainda que houvesse variações culturais entre países, e associou-se o consumo do composto com sintomas de taquicardia, nervosismo, insônia e outros. Sobre o sono foi identificado uma queda no tempo de sono total, queda na duração da fase REM e aumento na latência do sono. Portanto, ainda que o consumo de cafeína seja eficaz quando necessita-se manter a vigília, seu prejuízo no sono pode levar a queda no desempenho cognitivo/acadêmico, devendo, então, ser ponderado se realmente há necessidade do consumo continuo.
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