Abstract
Introdução: O adiamento da parentalidade intensificou o interesse clínico sobre os efeitos da idade na fertilidade. Nas mulheres, o envelhecimento compromete quantidade e qualidade oocitária e eleva o risco de aneuploidias e perdas gestacionais; nos homens, a idade associa-se a piora progressiva de parâmetros seminais e maior fragmentação do DNA. Objetivos: Sintetizar evidências (2019–2025) sobre: (i) impacto da idade na fertilidade feminina e masculina; (ii) opções de preservação da fertilidade; e (iii) desempenho de técnicas de reprodução assistida em mulheres mais velhas. Metodologia: Revisão narrativa realizada nas bases Google Scholar, Scopus e Web of Science, com unitermos em português e inglês relacionados a “fertilidade”, “idade materna”, “idade paterna”, “preservação da fertilidade” e “reprodução assistida”. Incluíram-se estudos com humanos publicados nos últimos 20 anos e alinhados ao escopo; excluíram-se artigos fora do tema, relatos isolados, revisões não sistemáticas sem rigor metodológico e textos sem acesso integral. A seleção ocorreu em duas etapas (título/resumo e texto completo), com extração padronizada e síntese narrativa dos achados, apoiada por quadros e figura ilustrativa. Conclusão: A idade permanece o principal determinante prognóstico em reprodução humana. Nas mulheres, a queda da fecundidade acentua-se após 35–37 anos; a avaliação da reserva ovariana (AMH, FSH, AFC) orienta condutas e sustenta o aconselhamento sobre tempo reprodutivo. A criopreservação de oócitos/embriões oferece melhores resultados quando realizada em idade jovem; a criopreservação de tecido ovariano é alternativa relevante em contextos gonadotóxicos. Em mulheres >40 anos, as taxas por ciclo com óvulos próprios declinam, enquanto o uso de oócitos de doadora mitiga o efeito da idade ovocitária. No homem, a partir de 40–45 anos, a piora de motilidade, volume e integridade do DNA espermático pode impactar desfechos, reforçando o valor do aconselhamento precoce e, quando pertinente, do congelamento seminal. Estratégias preventivas e individualizadas, implementadas oportunamente, maximizam a probabilidade de sucesso reprodutivo.
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