Palavras-chave
Doenças cardíacas
Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
Inflamação sistêmica
Saúde Mental
Como Citar
Resumo
O presente estudo revisa e integra evidências sobre a influência do estresse mental na saúde cardiovascular, abordando mecanismos fisiológicos, repercussões clínicas e implicações preventivas. O estresse, tanto agudo quanto crônico, atua por vias neuro-hormonais, inflamatórias e autonômicas, promovendo alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, no sistema nervoso simpático e no sistema renina–angiotensina–aldosterona. Esses processos favorecem inflamação sistêmica, disfunção endotelial, hipercoagulabilidade e alterações metabólicas, elevando o risco de eventos cardiovasculares, incluindo infarto e síndrome de Takotsubo. Evidências nacionais e internacionais demonstram que o estresse mental representa um fator de risco relevante, muitas vezes subdiagnosticado, com impacto direto na morbimortalidade e na qualidade de vida. O trabalho reforça a necessidade de integração entre cardiologia e psicologia, promovendo estratégias preventivas e terapêuticas que considerem a interdependência entre mente e corpo.
Referências
AGUILERA, G. The renin angiotensin system and the stress response. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 771, p. 173-186, 1995.
BAPTISTA, V. Starting physiology: understanding homeostasis. Advances in Physiology Education, v. 30, n. 4, p. 263-264, 2006. DOI: 10.1152/advan.00075.2006.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 1. ed. Lisboa: Edições 70, 2016.
BRITO, I.; HADDAD, H. A formulação do conceito de homeostase por Walter Cannon. Filosofia e História da Biologia, v. 12, n. 1, p. 99-113, 2017. Disponível em: https://www.abfhib.org/FHB/FHB-12-1/FHB-12-01-06-Ivana-Brito_Hamilton-Haddad.pdf.
CANNON, W. B. Bodily changes in pain, hunger, fear and rage. New York: Appleton, 1929.
COHEN, B.; EDMONDSON, D.; KRONISH, I. Revisão do estado da arte: depressão, estresse, ansiedade e doença cardiovascular. American Journal of Hypertension, v. 28, 2015.
COHEN, S.; JANICKI-DEVERTS, D.; MILLER, G. E. Psychological stress and disease. JAMA, Chicago, v. 298, n. 14, p. 1685-1687, 2016. DOI: 10.1001/jama.298.14.1685.
DE HERT, M. et al. Mental disorders and cardiovascular disease: a systematic review. World Psychiatry, v. 17, n. 1, p. 3-14, 2018.
GAFFEY, A. E.; BROOKS, A. K.; HOOL, L. C.; O’DONOVAN, A.; JACKA, F. N.; BERK, M. Psychological distress and incident cardiovascular disease: A systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Psychosomatic Medicine, Philadelphia, v. 84, n. 2, p. 150-161, 2022. DOI: 10.1097/PSY.0000000000001022.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2023.
GROSS, A. et al. Relações de ansiedade e depressão com saúde cardiovascular em jovens com peso normal para obesidade severa. The Journal of Pediatrics, v. 199, p. 85-91, 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6063783/#R2.
KAIZER, R. M. Saúde mental e risco cardiovascular: uma revisão de literatura. Revista Interdisciplinar em Saúde, Cajazeiras, v. 8, p. 292-301, 2017.
KAZI, Dhruv S. et al. Climate change and cardiovascular health: a systematic review. European Heart Journal, London, v. 45, n. 4, p. 567-579, 2024.
KJELDSEN, S. E. Effects of increased arterial epinephrine on insulin, glucose and phosphate. Blood Pressure, v. 5, p. 27-31, 1996.
KOCH, H. A.; ALMEIDA, G. R.; FERNANDES, J. L.; RANGEL, F. O.; SOARES, A. R.; CAVALCANTI, J. M. Isquemia miocárdica induzida por estresse mental: nova realidade diagnóstica? Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 101, n. 3, p. 213-219, 2013. DOI: 10.5935/abc.20130165.
KUMAR, M. A. et al. Extracellular vesicles as tools and targets in therapy: roles in inflammation and cardiovascular disease. Signal Transduction and Targeted Therapy, London, v. 9, n. 1, p. 51-68, 2024.
LEFKOWITZ, R. J.; HOFFMAN, B. B.; TAYLOR, P. Neurotransmission: the autonomic and somatic motor nervous systems. In: HARDMAN, J. G.; LIMBIRD, L. E. (Ed.). Goodman & Gilman’s: the pharmacological basis of therapeutics. 9. ed. New York: McGraw Hill, 1996. p. 105-140.
LI, Kai et al. Heart rate variability measurement through consumer wearables: validation and applications. Frontiers in Physiology, Lausanne, v. 14, p. 1-13, 2023.
LONNQVIST, F. Effects of mental stress on lipolysis in humans. Metabolism, v. 41, n. 6, p. 622-630, 1992.
MALYSZKO, J. et al. Stress-dependent changes in fibrinolysis, serotonin and platelet aggregation in rats. Life Sciences, v. 54, p. 1275-1280, 1994.
MARTINS, J. R. et al. Stress, immunity, and inflammation: recent advances in understanding physiological dysregulation. Frontiers in Immunology, v. 15, p. 1-12, 2024.
MCEWEN, B. S. Stress, adaptation, and disease: allostasis and allostatic load. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 840, n. 1, p. 33-44, 1998.
MENG, R. et al. Associação entre depressão e mortalidade cardiovascular e por todas as causas em adultos chineses. JAMA Network Open, v. 3, n. 2, 2020.
PÉREZ, M. et al. Fatores de risco cardiovascular entre pacientes com esquizofrenia, transtornos bipolares, depressivos, de ansiedade e de personalidade. European Psychiatry, v. 35, p. 8-15, 2020.
PHILLIPS, M. I. Functions of angiotensin in the central nervous system. Annual Review of Physiology, v. 49, p. 413-435, 1987.
RAHMAN, Md. M. et al. The gut microbiota in cardiovascular disease: mechanisms and therapeutic prospects. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, Lausanne, v. 13, p. 1-15, 2023.
ROZEIRA, C. H. B.; ROZEIRA, C. F. B.; SILVA, M. F. da. Trama epistemológica: entretecendo o conhecimento científico. Portal Zenodo, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5281/zenodo.10002060.
SAPOLSKY, R. M. Stress and the brain: individual variability and the inverted-U. Nature Neuroscience, v. 18, n. 10, p. 1344-1346, 2015.
SEGESTA, R.; SLAVICH, G. M. Stress and health: biological and psychological mechanisms. Annual Review of Clinical Psychology, v. 18, p. 489-516, 2022.
SELYE, H. The stress of life. New York: McGraw Hill, 1956.
STEPTOE, A.; KIVIMÄKI, M. Stress and cardiovascular disease: an update on current knowledge. Annual Review of Public Health, Palo Alto, v. 34, p. 337-354, 2012. DOI: 10.1146/annurev-publhealth-031912-114452.
TOFLER, G. H. Concurrent morning increase in platelet aggregability and the risk of myocardial infarction and sudden cardiac death. New England Journal of Medicine, v. 316, p. 1514-1518, 1987.
VELOSO, M. A. O. et al. Prevalência de depressão e ansiedade e sua associação com fatores de risco cardiovascular em pacientes da atenção primária do Nordeste do Brasil. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 65, n. 6, p. 801-809, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010442302019000600801&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 3 fev. 2021.
WHO – World Health Organization. Stress and health: a public health priority. Geneva: WHO, 2023.
ZANNAS, A. S. et al. Epigenetic upregulation of FKBP5 by aging and stress: implications for stress physiology and cardiovascular disease. Proceedings of the National Academy of Sciences, Washington, v. 116, n. 23, p. 11445-11450, 2019.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Damiana Pereira da Silva Neves, Carlos Henrique Barbosa Rozeira, Marcos Fernandes da Silva, Lilian Almerinda Moraes Brandão, Didier Pinheiro Rodrigues Junior, Danielle Duarte Medeiros Teles, Francisco José Wenceslau de Paula Almeida, Elissandra Rodrigues Gonçalves, Elisângela Pereira Palermo, Jenniffer Thomazini da Silva, Rafael de Alcântara Corrêa, Raphael Amaro de Carvalho Severiano, Monica Gomes Lirio Pimentel
