Resumo
O desvio do septo nasal é uma das condições otorrinolaringológicas mais frequentes, caracterizando-se por obstrução crônica das vias aéreas superiores, predisposição a rinossinusites recorrentes, roncos e distúrbios respiratórios do sono. A Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia reconhece a relevância dessa patologia, visto que a limitação da passagem de ar compromete significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A septoplastia representa o tratamento cirúrgico de escolha quando o desvio se associa a sintomas funcionais relevantes ou quando medidas clínicas não produzem benefício adequado. O objetivo desta análise é revisar os aspectos anatômicos do septo nasal, descrever os principais fundamentos técnicos da septoplastia e avaliar o impacto dessa intervenção sobre a função respiratória e o bem-estar do paciente. A metodologia envolveu revisão narrativa da literatura publicada entre 2018 e 2025 em bases como PubMed, Scielo e Embase. Foram priorizados consensos clínicos da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e publicações internacionais da American Academy of Otolaryngology – Head and Neck Surgery, buscando evidências de alto nível sobre indicações, técnicas cirúrgicas e resultados pós-operatórios. Os resultados apontam que a septoplastia é eficaz na redução da obstrução nasal, com índices elevados de satisfação relatados em diferentes estudos. Técnicas conservadoras visam preservar a estrutura de suporte cartilaginoso, reduzindo riscos de complicações como perfuração septal ou deformidades estéticas. Além da melhora respiratória, estudos demonstram impacto positivo sobre a qualidade do sono e redução da fadiga diurna. Apesar disso, a variabilidade dos resultados depende de fatores como extensão do desvio, habilidade cirúrgica e adesão ao seguimento pós-operatório. Conclui-se que a septoplastia, além de restaurar a anatomia nasal, constitui uma intervenção funcional com repercussões diretas na qualidade de vida respiratória. O contínuo refinamento das técnicas cirúrgicas fortalece sua relevância na prática clínica moderna.
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