Resumo
O câncer bucal representa um sério problema de saúde pública no Brasil, caracterizado por alta incidência, diagnóstico tardio e mortalidade significativa. A atuação do cirurgião-dentista na Atenção Primária à Saúde (APS), especialmente no contexto da Estratégia Saúde da Família (ESF), é fundamental para o reconhecimento precoce de lesões potencialmente malignas, contribuindo para o encaminhamento oportuno e a realização de biópsias diagnósticas. Apesar da presença de diretrizes nacionais que orientam a conduta clínica, ainda são frequentes as barreiras estruturais, o despreparo técnico e a insegurança dos profissionais diante da detecção e manejo das lesões suspeitas. Este artigo visa discutir, à luz da literatura científica atual, a importância do diagnóstico precoce do câncer bucal na APS, destacando o papel estratégico do cirurgião-dentista na indicação precisa de biópsias, bem como os desafios enfrentados na efetivação dessa prática no cotidiano do SUS. Evidências mostram que o rastreamento sistemático e a capacitação dos profissionais de saúde bucal aumentam significativamente as chances de sobrevida dos pacientes.
Referências
Santos-Silva AR, Vargas PA, de Almeida OP. Oral squamous cell carcinoma: an analysis of 1,564 cases showing advances in early diagnosis. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2011;16(7):e895–e900.
Torres-Pereira C, Angelim-Dias A, Melo NS, et al. Strategies to improve early detection of oral and oropharyngeal cancer: a literature review. Head Neck. 2020;42(5):1275–1282.
Nascimento TL, Ferreira MA, Santos KT. Atuação do cirurgião-dentista da Estratégia Saúde da Família no diagnóstico precoce do câncer bucal: uma revisão integrativa. Rev Bras Promoç Saúde. 2020;33:1–10.
Amaral CT, Martins MD, Hasseus B, et al. Diagnostic delay increases the risk of mortality in oral cancer: a systematic review and meta-analysis. Oral Oncol. 2022;130:105889.
Petti S, Warnakulasuriya S. The role of the oral health workforce in early detection of oral cancer: a scoping review. Community Dent Oral Epidemiol. 2023;51(1):5–14.
Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes para o diagnóstico e tratamento do câncer bucal no Brasil. Brasília: MS; 2021.
Sousa KM, Corrêa RS, Freitas VS, et al. Barreiras para o diagnóstico oportuno do câncer bucal na atenção primária. Cien Saude Colet. 2021;26(4):1359–1370.
Antunes JLF, Toporcov TN, Wünsch-Filho V. The role of primary care in oral cancer control. Lancet Oncol. 2019;20(5):e223.
Oliveira AL, Ribeiro AA, Freitas VS, et al. Fatores associados à solicitação de biópsia de lesões bucais por cirurgiões-dentistas da atenção básica. Rev Odontol UNESP. 2022;51:e20210109.
Góes PSA, Souza SR, Alves MT. Diagnóstico precoce do câncer bucal: desafios enfrentados pelos profissionais da atenção primária. Rev APS. 2020;23(2):365–373.
Instituto Nacional do Câncer (INCA). O que é câncer. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/oque. Acesso em: 28 jun. 2017.
Iwaki LCV, et al. Prevalência de neoplasias bucais malignas em Maringá/PR. Odontol Clín Cient. 2012;11(2):139–143.
Khandekar SP, Bagdey PS, Tiwari RR. Oral cancer and some epidemiological factors: a hospital based study. Indian J Community Med. 2006;31(3):157–160.
Lombardo EM, et al. Atrasos nos encaminhamentos de pacientes com câncer bucal: avaliação qualitativa da percepção dos cirurgiões-dentistas. Cien Saude Colet. 2014;19(4):1223–1232.
Martins MAT, et al. Avaliação do conhecimento sobre o câncer bucal entre universitários. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 2009;37(4):191–197.
Oliveira JMB, et al. Câncer de Boca: Avaliação do Conhecimento de Acadêmicos de Odontologia e Enfermagem quanto aos Fatores de Risco e Procedimentos de Diagnóstico. Rev Bras Cancerol. 2013;59(2):211–218.
Pereira CT. Oral cancer public policies: Is there any evidence of impact. Braz Oral Res. 2010;24(1):37–44.
Rodrigues GA, Galvão V, Carlos AAV. Prevalência do tabagismo entre dentistas do Distrito Federal. J Bras Pneumol. 2008;34(5):288–293.
Sankaranarayanan R, et al. Effect of screening on oral cancer mortality in Kerala, India: a cluster-randomized controlled trial. Lancet. 2006;365(9475):1927–1933.
Santos LCO, Batista OM, Cangussu MCT. Characterization of oral cancer diagnostic delay in the state of Alagoas. Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76(4):416–422.
Sassi C, et al. Prevalence of oral lesions in 25 years of Oral Cancer Prevention campaigns in Paraná State, Brazil, 1988 to 2013. RSBO. 2014;11(2):134–137.
Seroli W, Rapoport A. Avaliação da saúde bucal no diagnóstico de pacientes com câncer bucal. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 2009;38(3):157–162.
Sommerfeld CE, et al. Impacto do trabalho integrado em rede no diagnóstico precoce do câncer bucal. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 2013;42(1):1–7.
Sukant S, et al. Prevalence-based epidemiological cancer statistics: a brief assessment from different populations in India. Oral Health Dent Manag. 2013;12(3):162–167.
Torres-Pereira CC, et al. Abordagem do câncer da boca: uma estratégia para os níveis primário e secundário de atenção em saúde. Cad Saude Publica. 2012;28(12):303–309.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Marcos Gustavo Oliveira da Silva, Maria Josilaine das Neves de Carvalho, Paulo André Gomes Barros, Ana Elizabete Jacob Pedrosa, Danielle da Silva Lira Torres, Elyanna Oliveira de Vasconcelos, Larissa Salvador Bezerra de Vasconcelos, Letícia Ayane Florencio, Murilo Valério Jorge, Rodrigo de Oliveira Parente Garcia, Thalita Augusta Amorim Santos, Tulio Rodrigues Valença