Resumo
Prezados editores,
No artigo “Rastreamento e diagnóstico do câncer de colo do útero pelo exame citológico de Papanicolau: fatores associados ao conhecimento e preconceito” explora as barreiras à adesão ao exame de Papanicolau no Brasil, destacando fatores como baixa escolaridade, falta de conhecimento e preconceitos culturais que interferem na realização desse exame crucial para a prevenção do câncer de colo do útero. O estudo enfatiza que, apesar dos esforços para promover o exame de Papanicolau como uma ferramenta acessível e eficaz na prevenção do câncer de colo do uterino, muitas mulheres ainda desconhecem sua importância. Esse desconhecimento é agravado por obstáculos sociais e emocionais, incluindo o medo do procedimento, a falta de percepção sobre a gravidade da doença e o desconforto com a exposição corporal durante o exame. Sobretudo, preconceitos culturais e tabus sobre a saúde ginecológica reforçam o estigma em torno do exame, fazendo com que algumas mulheres o evitem, especialmente em comunidades onde o acesso à informação é limitado e os assuntos de saúde íntima são raramente discutidos abertamente. Diante desse cenário, o estudo sublinha a necessidade de políticas públicas abrangentes que vão além da oferta do exame e se concentrem em programas de educação em saúde, com o objetivo de informar as mulheres sobre a importância do Papanicolau. (RONNER,F.et al.2024).
A questão abordada é corroborada por pesquisas em diversos contextos, que examinam os desafios do controle do câncer de colo do útero na América do Sul, enfatizando que barreiras socioeconômicas e culturais são comuns e dificultam a adesão ao rastreamento. Esses estudos reforçam a necessidade de estratégias que conectem serviços de saúde e a comunidade para ampliar a cobertura do exame (CERQUEIRA, R. S. et al.2022). Além disso, análises das tendências de mortalidade pelo câncer de colo do útero em regiões específicas mostram que, apesar das políticas de saúde existentes, a cobertura do Papanicolau ainda é insuficiente em áreas mais vulneráveis, devido a fatores como a falta de acesso à informação e serviços de saúde de qualidade. (LUIZAGA, C. T. DE M. et al.2023). O papel da Atenção Primária à Saúde (APS) é destacado como essencial para aumentar a adesão ao exame, pois a APS pode fomentar um vínculo mais próximo com as pacientes e promover uma rotina de cuidado preventivo. Esses estudos indicam que, embora o exame de Papanicolau seja amplamente disponível, há uma lacuna significativa em sua cobertura, especialmente em regiões de baixa renda e em grupos com menor escolaridade. (FERREIRA, M. DE C. M. et al.2022).
É fundamental reforçar a importância da busca ativa para aumentar a adesão ao exame de Papanicolau, pois essa estratégia permite que profissionais de saúde se aproximem diretamente da comunidade para identificar e orientar mulheres que, por diversas razões, não realizam exames preventivos de forma regular. A busca ativa é particularmente eficaz porque vai além da espera passiva nos serviços de saúde, levando o atendimento até os locais onde as mulheres vivem, como domicílios e centros comunitários, e fornecendo orientações personalizadas sobre o exame, o que é essencial para comunidades onde o acesso à informação e aos serviços de saúde é limitado. Desse modo, a busca ativa pode ser aprimorada com o uso de materiais educativos, como infográficos, que resumem de forma visual e acessível os benefícios do exame e respondem às dúvidas e receios comuns. Ao entregar esses materiais diretamente às mulheres, os agentes de saúde conseguem esclarecer o exame, explicando seu papel crucial na detecção precoce de lesões que podem levar ao câncer de colo do útero. Esse contato direto permite que os profissionais abordem medos e preconceitos, fornecendo informações claras sobre o procedimento e criando um ambiente mais acolhedor e menos intimidador para as mulheres que, de outra forma, poderiam evitar o exame por desinformação, vergonha ou receio. Iniciativas de levantamento de dados para identificar mulheres em idade de rastreio atrelada a criação de infográficos e busca ativa com visitas domiciliares, tem grande potencial de transformar o número de adesões ao exame Papanicolau. Ao promover um entendimento amplo sobre a importância do exame e fortalecer o vínculo entre as mulheres e a APS, contribui para reduzir significativamente a incidência e a mortalidade por câncer de colo uterino, promovendo um impacto positivo na saúde publica da nação.
Referências
CERQUEIRA, R. S. et al. Controle do câncer do colo do útero na atenção primária à saúde em países sul-americanos: revisão sistemática. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 46, p. 1, 18 ago. 2022. Disponível em: https://iris.paho.org/handle/10665.2/56249
FERREIRA, M. DE C. M. et al. Detecção precoce e prevenção do câncer do colo do útero: conhecimentos, atitudes e práticas de profissionais da ESF. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, p. 2291–2302, 27 maio 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/Z3tXcyhpMP6MLcJzTCmq9bn/
LUIZAGA, C. T. DE M. et al. Recent changes in trends of mortality from cervical cancer in Southeastern Brazil. Revista de Saúde Pública, v. 57, p. 25, 17 abr. 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/6PQcPnwxLtjbrwvCzxFJmMr/
RONNER, F. et al. Rastreamento e diagnóstico do Câncer de colo do útero pelo exame citológico de Papanicolau: fatores associados ao conhecimento e preconceito. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 3, p. 1213–1224, 14 mar. 2024.
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