Resumo
Introdução: O descolamento de retina é uma urgência oftalmológica caracterizada pela separação entre a retina neurossensorial e o epitélio pigmentar, resultando em risco significativo de perda visual irreversível. Sua incidência é mais elevada em pacientes míopes, após trauma ocular ou cirurgias intraoculares. O diagnóstico precoce e os avanços nas técnicas cirúrgicas são fundamentais para preservar a função visual. Objetivo: Analisar os principais avanços diagnósticos e terapêuticos no manejo do descolamento de retina, com foco em estratégias cirúrgicas atuais. Metodologia: Foi conduzida revisão narrativa em bases como PubMed, SciELO e LILACS, além de diretrizes da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e da American Academy of Ophthalmology (AAO). Foram incluídos artigos de revisão e consensos publicados entre 2015 e 2025. Discussão/Resultados: O diagnóstico baseia-se na história clínica, que frequentemente envolve queixas de fotopsias, moscas volantes e sombra no campo visual, associada ao exame oftalmológico com mapeamento de retina e retinografia. A ultrassonografia ocular auxilia em casos de opacidade de meios. O tratamento é eminentemente cirúrgico, e a escolha da técnica depende da extensão, localização do descolamento e características do paciente. A vitrectomia pars plana consolidou-se como a abordagem mais utilizada, permitindo remoção do vítreo tracionado e tamponamento interno com gás ou óleo de silicone. A introflexão escleral, embora menos frequente atualmente, ainda é opção em casos selecionados, principalmente em pacientes jovens. Já a retinopexia pneumática pode ser indicada em descolamentos regmatogênicos simples. Avanços em instrumentação minimamente invasiva, como vitrectomia de pequeno calibre, proporcionam menor tempo de recuperação e menor taxa de complicações. A reabilitação visual depende da preservação da mácula, reforçando a importância do diagnóstico precoce. Conclusão: O descolamento de retina permanece um desafio clínico, exigindo intervenção rápida e técnicas cirúrgicas adequadas para preservação da visão. Os avanços tecnológicos e a individualização do tratamento contribuem para melhores resultados funcionais, ressaltando a importância do encaminhamento precoce ao especialista.
Referências
AMERICAN ACADEMY OF OPHTHALMOLOGY. Retinal Detachment Preferred Practice Pattern. San Francisco: AAO, 2023.
BOMDICA, C. et al. Primary rhegmatogenous retinal detachment repair: scleral buckle, pars plana vitrectomy, or combined surgery? Ophthalmology Retina, v. 8, n. 2, p. 145-153, 2024.
BUNAJEM, R. A. et al. Scleral buckle versus pars plana vitrectomy in the management of chronic rhegmatogenous retinal detachment. Middle East African Journal of Ophthalmology, v. 28, n. 2, p. 85-91, 2021.
CHOOVUTHAYAKORN, J. et al. Pars plana vitrectomy with or without scleral buckling for giant retinal tears: a multicenter retrospective study. Scientific Reports, v. 14, n. 1, p. 5432, 2024.
GHOSH, Y. K. et al. Retinal detachment: epidemiology, risk factors and outcomes. Eye, London, v. 33, n. 8, p. 1219-1225, 2019.
GUO, Y. et al. Prediction of visual outcomes after retinal detachment surgery using machine learning approaches. Translational Vision Science & Technology, v. 13, n. 3, p. 15-26, 2024.
HAGIWARA, A. et al. Proliferative vitreoretinopathy: current concepts and management. Progress in Retinal and Eye Research, v. 56, p. 123-146, 2017.
HAGIWARA, A. et al. Usefulness of B-mode ultrasonography in retinal detachment with opaque media. Japanese Journal of Ophthalmology, Tokyo, v. 61, n. 6, p. 472-478, 2017.
HAZELWOOD, P. et al. Long-term outcomes of retinal detachment repair: a 10-year cohort study. British Journal of Ophthalmology, v. 109, n. 4, p. 567-574, 2025.
IBRAHIM, O. et al. An economy-based study: vitrectomy versus scleral buckling in primary retinal detachment. Delta Journal of Ophthalmology, v. 19, n. 2, p. 53-59, 2018.
NIKKAH, H. et al. Advances in imaging for retinal diseases: role of OCT in early diagnosis. Progress in Retinal and Eye Research, London, v. 85, p. 100965, 2021.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA. Diretrizes Clínicas em Oftalmologia: Descolamento de Retina. São Paulo: SBO, 2022.
SOLIMAN, M. K. et al. Primary retinal detachment repair: outcomes in a large clinical practice. American Journal of Ophthalmology, v. 200, p. 57-65, 2019.
TEH, W. L. et al. Weekend surgery for primary rhegmatogenous retinal detachment: impact on outcomes. Eye, v. 37, n. 2, p. 228-236, 2023.
TORRES-COSTA, S.; RIBEIRO, M.; TAVARES-CORREIA, J. et al. Optical coherence tomography angiography based prognostic factors and visual outcomes in primary rhegmatogenous retinal detachment after pars plana vitrectomy. International Journal of Retina & Vitreous, v. 10, art. 57, 2024.
TRAN, T. M. et al. Secondary scleral buckle following failed pneumatic retinopexy: outcomes and prognostic factors. Ophthalmology Science, v. 4, n. 1, p. 23-31, 2024.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. World report on vision. Geneva: WHO, 2019.
YAMANE, T. et al. Classification and management of retinal detachment: an updated review. Survey of Ophthalmology, New York, v. 65, n. 5, p. 623-640, 2020.
YANNUZZI, N. A. et al. Outcomes and predictors of success in primary retinal detachment repair: analysis of the IRIS Registry. JAMA Ophthalmology, v. 139, n. 7, p. 701-709, 2021.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Bárbara de Melo Balbino Bezerra, Eduardo Merizio Raad Camargo, Ana Luiza Bonjour Mendes, Maria Antonia Schluter Greco, Mariana Frias Conti, Felipe Jorge Marques Carvalho Da Costa, Maria Eduarda da Silva Trinca , Thiago Muniz Borges, Gabriela Wornunk Ferreira, Henrique Matheus Banhara Pires , João Vitor Oliveira Moraes, Jessica de Medeiros Guedes Palitot