Resumo
O uso de cannabis e sua associação com transtornos psiquiátricos têm sido temas amplamente discutidos, com estudos modernos destacando os complexos mecanismos de ação e os riscos a longo prazo. Pesquisas mostram que o uso de cannabis pode ter efeitos neuropsicológicos significativos, impactando neurotransmissores essenciais, como a dopamina e o sistema endocanabinoide, o que pode desencadear ou agravar transtornos psiquiátricos como a esquizofrenia, ansiedade e depressão. Esses mecanismos de ação estão relacionados à modulação de vias cerebrais críticas que afetam o humor, a memória e o comportamento, influenciando a vulnerabilidade de indivíduos predispostos.
Estudos clínicos e revisões sistemáticas apontam para uma ligação entre o uso crônico de cannabis e o desenvolvimento de sintomas psiquiátricos, especialmente em indivíduos geneticamente predispostos ou em períodos críticos de desenvolvimento, como a adolescência. Além disso, o uso prolongado está associado a alterações estruturais e funcionais no cérebro, impactando áreas relacionadas ao processamento emocional e ao controle cognitivo. Os riscos incluem o aumento da suscetibilidade a transtornos psicóticos e o comprometimento de funções cognitivas, com evidências sugerindo que esses efeitos podem persistir mesmo após a interrupção do uso da substância.
Portanto, é crucial que os profissionais de saúde compreendam as complexas interações entre o uso de cannabis e a saúde mental, reconhecendo a importância de uma abordagem personalizada e preventiva. Considerar os fatores de vulnerabilidade individual, como predisposição genética e histórico familiar, é essencial para mitigar os riscos associados ao uso de cannabis. Em conclusão, a conscientização sobre os mecanismos de ação e os potenciais riscos a longo prazo é fundamental para orientar decisões clínicas, promover intervenções adequadas e prevenir consequências adversas em populações vulneráveis.
Referências
AUGUSTIN, S. M.; LOVINGER, D. M. Synaptic changes induced by cannabinoid drugs and cannabis use disorder. Neurobiology of Disease, v. 167, p. 105670, 2022.
DELGADO-SEQUERA, A. et al. A systematic review of the molecular and cellular alterations induced by cannabis that may serve as risk factors for bipolar disorder. International Journal of Neuropsychopharmacology, v. 27, p. 1-13, 2024.
DOMINGOS, L. B. et al. Regulation of DNA methylation by cannabidiol and its implications for psychiatry: new insights from in vivo and in silico models. Genes, v. 13, p. 2165, 2022.
FISCHER, A. S. et al. Cannabis and the developing adolescent brain. Current Treatment Options in Psychiatry, v. 7, p. 144–161, 2020.
IZQUIERDO-LUENGO, C. et al. Adolescent exposure to the Spice/K2 cannabinoid JWH-018 impairs sensorimotor gating and alters cortical perineuronal nets in a sex-dependent manner. Translational Psychiatry, v. 13, p. 176, 2023.
MACHADO, A. S. et al. Epigenetic effects of cannabis: a systematic scoping review of behavioral and emotional symptoms associated with cannabis use and exocannabinoid exposure. Drug and Alcohol Dependence, v. 263, p. 111401, 2024.
SHEN, H.; TSENG, K. Y.; GILMAN, J. et al. Cannabis and the adolescent brain. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 117, n. 1, p. 7-11, 2020.
URITS, I.; GRESS, K.; CHARIPOVA, K. et al. Cannabis use and its association with psychological disorders. Psychopharmacology Bulletin, v. 50, n. 2, p. 56-67, 2020.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Michaella Nascimento Carsola , Maria Eduarda Azevedo Schmidt Zefer, Nadja Lopes Andreo, Larissa Vianna Fernandes De Andrade , Bruna Jacobus Boos, Helena Vergueiro de Moraes Ribeiro, Beatriz Mainardi da Cunha , Isabelly Menegueli Rufino, Isabela Cortez de Melo, Maria Clara Magalhães de Oliveira , Hellen Vitória Reis Damasceno