Resumo
O seguinte artigo explora a relação entre o uso excessivo de eletrônicos e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), um distúrbio neuropsiquiátrico que afeta crianças, adolescentes e adultos, caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Embora a literatura não estabeleça uma causalidade direta, há evidências de que o uso crônico de dispositivos eletrônicos pode exacerbar os sintomas do TDAH. A metodologia empregada foi uma revisão narrativa de estudos observacionais, experimentais e de revisão, pesquisados em bases de dados como PubMed, Scopus e Web of Science. Os resultados indicam que indivíduos, especialmente jovens, que passam mais tempo utilizando eletrônicos, apresentam maior probabilidade de manifestar sintomas de TDAH. Um estudo notável revelou que a cada nova atividade digital, a chance de desenvolver sintomas de TDAH aumentava em 10%. Os mecanismos potenciais que explicam essa associação incluem a sobrecarga do sistema de atenção devido à exposição constante a notificações e conteúdo online, o aumento da impulsividade impulsionado por recompensas imediatas oferecidas por jogos e aplicativos, e a interferência no sono causada pela luz azul emitida pelas telas, que suprime a produção de melatonina. As implicações clínicas são significativas, exigindo que profissionais de saúde considerem o uso de eletrônicos ao avaliar e tratar pacientes com TDAH. Recomenda-se limitar o uso de eletrônicos e promover hábitos saudáveis de sono. Além disso, pais devem monitorar o uso de eletrônicos de seus filhos e incentivar atividades que demandem atenção sustentada, como leitura e esportes. Apesar das limitações, como a falta de consenso e a natureza observacional de muitos estudos, a revisão destaca a importância de estar ciente da potencial influência negativa do uso excessivo de eletrônicos nos sintomas do TDAH. Mais pesquisas são necessárias para esclarecer a natureza dessa associação.
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