Resumo
As manifestações orais podem representar sinais precoces de doenças sistêmicas, entre elas as autoimunes. Essas condições se caracterizam por respostas imunológicas exacerbadas contra tecidos próprios, resultando em inflamações crônicas e lesões que, na cavidade oral, muitas vezes se assemelham a alterações comuns como aftas, candidíase ou estomatites traumáticas. Diante disso, o diagnóstico diferencial assume papel essencial na prática odontológica. Objetivo: Analisar as manifestações orais associadas às doenças autoimunes, com foco no diagnóstico diferencial em relação a lesões orais comuns, ressaltando a importância dessa identificação precoce para a conduta clínica. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura realizada nas bases MEDLINE via PubMed, LILACS e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram incluídos artigos em inglês, português e espanhol, disponíveis na íntegra, que abordassem manifestações orais de doenças autoimunes e aspectos do diagnóstico diferencial. Resultados: A análise dos estudos revelou que enfermidades como líquen plano oral, lúpus eritematoso sistêmico, pênfigo vulgar, penfigoide de mucosa e síndrome de Sjögren apresentam manifestações orais frequentes, incluindo lesões ulceradas, placas esbranquiçadas, bolhas e xerostomia. Muitas dessas alterações se confundem clinicamente com aftas recorrentes, candidíase, leucoplasias e estomatites traumáticas, tornando o exame clínico isolado insuficiente. O diagnóstico diferencial exige anamnese detalhada, exames complementares e, em alguns casos, biópsia e imunofluorescência direta. Conclusão: As manifestações orais de doenças autoimunes representam um desafio diagnóstico por sua semelhança com lesões comuns. A atuação criteriosa do cirurgião-dentista, aliada a uma abordagem multidisciplinar, é essencial para o reconhecimento precoce e o encaminhamento adequado, favorecendo a qualidade de vida do paciente e a eficácia terapêutica.
Referências
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