Resumo
Introdução: A apendicite aguda é a principal causa de abdome agudo cirúrgico em todo o mundo, com maior incidência em jovens adultos. Seu diagnóstico precoce é fundamental para reduzir complicações como perfuração, abscesso e peritonite difusa. Apesar da ampla disponibilidade de exames de imagem, o diagnóstico clínico ainda desempenha papel central, sendo complementado por protocolos baseados em evidências. Objetivo: Revisar os avanços atuais na abordagem diagnóstica e terapêutica da apendicite aguda, considerando protocolos internacionais e diretrizes brasileiras. Metodologia: Foi realizada revisão narrativa em bases como PubMed, SciELO e LILACS, incluindo artigos entre 2015 e 2025, além de documentos da Sociedade Brasileira de Cirurgia Digestiva (SBCD) e do American College of Surgeons (ACS). Foram priorizados estudos de revisão sistemática, consensos e diretrizes clínicas. Discussão/Resultados: O diagnóstico clínico baseia-se em dor abdominal progressiva em quadrante inferior direito, associada a náuseas, febre e leucocitose. Escalas clínicas, como Alvarado e AIR (Appendicitis Inflammatory Response), auxiliam na estratificação de risco. A ultrassonografia é o exame inicial preferencial, sobretudo em crianças e gestantes, enquanto a tomografia computadorizada apresenta maior sensibilidade e especificidade em adultos. Em relação ao tratamento, a apendicectomia laparoscópica é considerada padrão-ouro, por oferecer menor tempo de internação, menor taxa de complicações infecciosas e melhor recuperação funcional. Em casos selecionados de apendicite não complicada, a antibioticoterapia exclusiva tem sido estudada como alternativa, embora a cirurgia mantenha melhores resultados em longo prazo. Protocolos atuais enfatizam a individualização da conduta, levando em conta idade, comorbidades e disponibilidade de recursos. Conclusão: A apendicite aguda exige diagnóstico ágil e manejo adequado para prevenção de complicações graves. O uso combinado de avaliação clínica, exames de imagem e protocolos de risco tem ampliado a precisão diagnóstica. A apendicectomia laparoscópica permanece como principal estratégia terapêutica, embora a antibioticoterapia venha ganhando espaço em cenários específicos. A padronização baseada em evidências continua sendo essencial para a melhoria dos desfechos clínicos.
Referências
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS (ACS). Clinical Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Acute Appendicitis.
DI SAVERIO, S. et al. Diagnosis and treatment of acute appendicitis: 2020 update of the WSES Jerusalem guidelines. World Journal of Emergency Surgery, v. 15, n. 1, p. 27, 2020.
EUROPEAN SOCIETY OF COLOPROCTOLOGY (ESCP). Guidelines for the Management of Acute Appendicitis. Disponível em: https://www.escp.eu.com/guidelines/acute-appendicitis
KHALIL, P. et al. Clinical pathways for acute appendicitis: impact on diagnosis and treatment. World Journal of Surgery, v. 43, n. 7, p. 1684–1691, 2019.
KUMAR, S. S. et al. SAGES guideline for the diagnosis and treatment of acute appendicitis. Surgical Endoscopy, v. 38, p. 1-10, 2024.
LAOS, E. G. M. et al. Challenges in management of acute appendicitis. The Lancet Gastroenterology & Hepatology, v. 9, n. 5, p. 368-375, 2024.
LEE, H. G. et al. Clinical outcomes and optimal indications for nonoperative management of acute appendicitis in adult patients. Annals of Coloproctology, v. 41, n. 2, p. 107-118, 2025.
LIU, J. et al. Diagnostic accuracy of computed tomography in acute appendicitis: a systematic review and meta-analysis. Annals of Surgery, v. 272, n. 5, p. 757–765, 2020.
MAURER, C. et al. Ultrasound in acute appendicitis: current evidence and practical approach. European Journal of Radiology, v. 118, p. 61–68, 2019.
MARTINS, F. R. et al. Laparoscopic versus open appendectomy: a meta-analysis. Surgical Endoscopy, v. 36, n. 4, p. 2376–2387, 2022.
PAPANDRIA, D. et al. Improving diagnostic accuracy in acute appendicitis: clinical scoring systems and imaging modalities. Annals of Gastroenterology, v. 30, n. 2, p. 157–164, 2017.
PETRICK, D. et al. Imaging for acute appendicitis in adults: comparative analysis of CT and ultrasound. Radiology Clinics, v. 59, n. 3, p. 479–491, 2021.
SILVA, V. V. et al. Apendicite aguda: aspectos fisiopatológicos e manejo. Brazilian Journal of Health Review, v. 6, n. 2, p. 1-10, 2023.
SINGHAL, R. et al. Comparative accuracy of scoring systems in diagnosing acute appendicitis: a systematic review. World Journal of Emergency Surgery, v. 17, n. 1, p. 25, 2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DIGESTIVA (SBCD). Diretrizes para o manejo da apendicite aguda. Revista Brasileira de Cirurgia Digestiva, v. 37, n. 4, p. 1-10, 2019.
THOMPSON, J. et al. ERAS protocols in laparoscopic appendectomy: improved outcomes. Surgical Endoscopy, v. 35, n. 9, p. 5054–5063, 2021.
VON MEYENFELDT, M. et al. Non-operative management of uncomplicated appendicitis: current evidence and future perspectives. Surgical Clinics of North America, v. 100, n. 5, p. 981–995, 2020.
WORLD SOCIETY OF EMERGENCY SURGERY (WSES). Jerusalem Guidelines for the Diagnosis and Treatment of Acute Appendicitis.
WANG, X. et al. Diagnosis and treatment of appendicitis: systematic review and meta-analysis. World Journal of Emergency Surgery, v. 20, p. 12, 2025.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Juliano Henrique Sampaio Simão , Marcus Vinicius Nervis Prange, Caio Eduardo Octavio de Moraes, Felipe Jorge Marques Carvalho Da Costa, Nicole Souza Bosco , Tayline Oliveira Florentino, Caroline Dantas Pereira , João Pedro Alves Cordeiro , Jordy Pierre Carvalho Rezende, Ricardo dos Santos Govoni , Lívia Moreira Maia