Resumo
Introdução: A depressão pós-parto (DPP) é um transtorno psiquiátrico frequente que compromete a saúde mental da mãe, o vínculo com o bebê e a dinâmica familiar. Sintomas como tristeza, fadiga, irritabilidade e insônia podem persistir se não tratados. Embora o uso de antidepressivos seja uma opção, barreiras como estigma e efeitos adversos limitam sua adesão. Nesse cenário, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem se destacado como alternativa eficaz, presencial ou online, com impacto positivo na saúde da mãe e do bebê. Objetivos: Avaliar a eficácia da TCC no tratamento da DPP, considerando diferentes formatos de intervenção e comparando seus efeitos com outras abordagens terapêuticas. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática nas bases PubMed e Scopus, com descritores “Cognitive Behavioral Therapy” e “Postpartum Depression”. Incluíram-se ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais publicados nos últimos dez anos, em inglês, português e espanhol. Foram excluídos artigos sem TCC como intervenção principal, revisões e relatos de caso. Três revisores analisaram títulos, resumos e textos completos, extraindo dados sobre amostra, intervenção, escalas de depressão e resultados. Resultados: Dos 75 artigos inicialmente identificados, 10 atenderam aos critérios de inclusão. A TCC mostrou eficácia na redução dos sintomas de DPP e na manutenção da melhora por até seis meses. Também apresentou efeito preventivo em mulheres com fatores de risco. Workshops online e programas como o MumMood Booster demonstraram boa efetividade, ampliando o acesso ao tratamento. Fatores como condições socioeconômicas desfavoráveis e violência obstétrica foram associados a maior risco de DPP, enquanto suporte social adequado mostrou efeito protetor. Considerações finais: A TCC se confirma como uma intervenção eficaz, acessível e flexível para o manejo da DPP, podendo ser aplicada em diferentes formatos. Investir na capacitação profissional, padronização de protocolos e ampliação do acesso à TCC é essencial para reduzir a incidência da DPP, promover a saúde mental materna e favorecer o desenvolvimento infantil.
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