Resumo
Introdução: A população LGBTQIAPN+ em situação de rua enfrenta desafios significativos, incluindo falta de acesso à saúde, especialmente em campanhas de vacinação. A marginalização social agrava a exposição a doenças preveníveis e crônicas, como hepatites e diabetes, enquanto a falta de apoio familiar e a prática do sexo como moeda de troca aumentam a vulnerabilidade a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A desnutrição e a falta de higiene também prejudicam sua saúde. A ausência de políticas públicas inclusivas e específicas intensifica essa marginalização, levando ao aumento de doenças e à exclusão social. Método: O estudo utilizou uma revisão integrativa da literatura dos últimos cinco anos, sem limitação de localização geográfica, coletando dados em bases de dados como LILACS e SciELO. A estratégia PICo foi aplicada, abordando os desafios enfrentados pela população LGBTQIAPN+ em situação de rua. Os artigos selecionados seguiam as recomendações PRISMA (2009), com foco em estudos que investigavam o acesso à saúde dessa população. Critérios de inclusão limitavam a amostra a artigos em português e disponíveis na íntegra. Resultado: Foram analisados estudos que mostraram uma série de barreiras ao acesso à saúde pela população LGBTQIAPN+ em situação de rua. Os resultados destacaram a prevalência de DSTs, a falta de vacinação e o agravamento de doenças crônicas pela falta de cuidados médicos. A discriminação nos serviços de saúde foi uma constante, levando a um afastamento dos serviços de saúde por essa população. Outros fatores abordados incluíram a violência, o preconceito e a rejeição familiar, que dificultam o acesso a recursos básicos de saúde e alimentação. Discussão: A análise revelou uma interconexão de fatores que perpetuam a exclusão social e o impacto na saúde da população LGBTQIAPN+ em situação de rua. A falta de políticas públicas adequadas e o estigma social contribuem para a vulnerabilidade. A vacinação insuficiente e a marginalização no sistema de saúde aumentam a incidência de doenças, enquanto a desnutrição e a falta de higiene exacerbam o quadro. A rejeição familiar e as práticas de sobrevivência precárias, como o sexo em troca de recursos, intensificam os riscos à saúde mental e física. Conclusão: O estudo reforça a necessidade urgente de políticas públicas inclusivas que garantam acesso a serviços de saúde, apoio psicológico, alimentação e moradia para a população LGBTQIAPN+ em situação de rua. Apenas por meio de ações integradas, que abordem as especificidades dessa população, será possível quebrar o ciclo de marginalização e promover saúde e dignidade. Campanhas de vacinação, redes de apoio familiar e programas de saúde mental são essenciais para enfrentar essa crise e garantir uma sociedade mais justa e inclusiva.
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