Resumo
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INTRODUÇÃO: A violência contra a mulher é um fenômeno complexo e multicausal, influenciado por fatores histórico-culturais e religiosos. Nessa perspectiva, atividades extensionistas voltadas à abordagem dos efeitos da violência contra a mulher visam melhorar a educação em saúde. OBJETIVO: Relatar experiência da realização de um projeto de extensão, por discentes de medicina, direcionado à intervenção no impacto da violência contra a mulher, com foco na saúde mental, na sexualidade e na prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s). METODOLOGIA: O projeto foi executado em um Centro de Referência da Mulher em Vitória da Conquista, BA, cujo público-alvo se encontra em situação de vulnerabilidade social. Foram realizadas três ações, com foco nas temáticas de saúde mental, sexualidade e IST’s. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Esse projeto possibilitou que estudantes de medicina aplicassem, em contextos reais, os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula, além do aprimoramento de habilidades de comunicação e trabalho em equipe. Para as assistidas, promoveu-se o desenvolvimento da autoestima mediante práticas de autocuidado, gerando impactos positivos no bem-estar físico e mental. Ademais, houve o esclarecimento dos aspectos relacionados ao prazer, à intimidade e à prática sexual saudável, somado à informação sobre os direitos sexuais no contexto da violência conjugal. Outrossim, possibilitou-se a compreensão do público-alvo acerca da prevenção de IST’s, associada ao reconhecimento dos sinais e sintomas, dos fatores de risco e das formas de tratamento. Além disso, as mulheres demonstraram uma participação ativa nas atividades propostas, o que permitiu a consolidação da educação em saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As ações foram essenciais para a promoção da saúde mental e prevenção de IST’s de mulheres em situação de violência, ao criar um ambiente seguro e informativo sobre sexualidade. Para os estudantes de medicina, foi uma experiência enriquecedora, à medida que viabilizou a criação de vínculos com a comunidade. A continuidade de práticas extensionistas fortalece as políticas de saúde, de modo a ampliar o suporte integral às assistidas.
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