Resumo
Este artigo tem por objetivo descrever o perfil epidemiológico e analisar a tendência temporal dos óbitos por suicídio no estado do Acre e no Brasil no período de 2010 a 2022. Trata-se de um estudo de série temporal que incluiu dados sobre óbitos que tiveram como causa básica o suicídio coletados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). A análise de dados incluiu o cálculo das taxas de mortalidade por suicídio; razão de sexo; análise da tendência temporal por meio de modelos de regressão linear generalizados segundo o método de Prais-Winsten; frequência absoluta e relativa de óbitos segundo variáveis selecionadas. No Acre, as taxas de mortalidade por suicídio por 100 mil habitantes variaram de 5,35 a 8,94, com tendência crescente de 4,03% ao ano (p<0,001). No Brasil, o valor mínimo e máximo da mortalidade foram observados nos anos de 2010 (5,23) e 2022 (7,72) respectivamente; houve tendência crescente com variação percentual anual (APC) de 3,16% (p<0,001). As taxas de mortalidade por suicídio foram superiores entre os homens com razão de sexo variando de 2,58 a 7,08 no Acre e 4,74 a 5,08 no Brasil. Houve crescimento estatisticamente significante da mortalidade para ambos os sexos com maior crescimento entre as mulheres no estado do Acre (APC= 6,95%). Indivíduos com escolaridade entre 8 e 11 anos e solteiros foram mais afetados. No Acre, maior incidência foi observada entre jovens de 15 a 24 anos e raça parda, enquanto no Brasil, houve predominância entre pessoas de 25 a 34 anos e raça branca. A tendência crescente de suicídios observada no Acre e no Brasil se manifesta de maneira preocupante considerando as elevadas taxas entre homens e crescimento acentuado entre as mulheres. O aumento observado contraria a tendência global de redução demandando uma reavaliação das estratégias de prevenção e promoção da saúde mental, com ênfase na criação de políticas públicas mais assertivas e equitativas, alinhadas aos desafios regionais e nacionais.
Referências
Segar LB, Laidi C, Godin O, et al. The cost of illness and burden of suicide and suicide attempts in France. BMC Psychiatry. 2024;24(1):215. doi:10.1186/s12888-024-05632-3
Bonadiman CSC, Naghavi M, Melo APS. The burden of suicide in Brazil: findings from the Global Burden of Disease Study 2019. Rev Soc Bras Med Trop. 2022;55–2021. doi:10.1590/0037-8682-0299-2021
World Health Organization. Preventing suicide: a global imperative. 2014. Available from: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/131056/9789241564779_eng.pdf?sequence=1
Conselho Federal de Medicina. Suicídio: informando para prevenir. 2014. Available from: https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/05/suicidio_informado_para_prevenir_abp_2014.pdf
Naguy A, Elbadry H, Salem H. Suicide: A Précis! J Family Med Prim Care. 2020;9(8):4009-4015. doi:10.4103/jfmpc.jfmpc_12_20
Favril L, Yu R, Uyar A, Sharpe M, Fazel S. Risk factors for suicide in adults: systematic review and meta-analysis of psychological autopsy studies. Evid Based Ment Health. 2022;25(4):148-155. doi:10.1136/ebmental-2022-300549
Alejos M, Vázquez-Bourgon J, Santurtún M, Riancho J, Santurtún A. Do patients diagnosed with a neurological disease present increased risk of suicide?. Neurologia (Engl Ed). Published online June 22, 2020. doi:10.1016/j.nrl.2020.03.003
World Health Organization. Suicide worldwide in 2019: global health estimates. Geneva: World Health Organization; 2021. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/341728
Pires AM, Reis JGM, Garcia FM, Veloso GA, Melo APS, Naghavi M, et al. Suicide mortality among older adults in Brazil between 2000 and 2019 - estimates from the Global Burden of Disease Study 2019. Rev Soc Bras Med Trop. 2022;55–2021. doi:10.1590/0037-8682-0322-2021
Bachmann S. Epidemiology of Suicide and the Psychiatric Perspective. Int J Environ Res Public Health. 2018;15(7):1425. doi:10.3390/ijerph15071425
Bertolote JM, Fleischmann A, Butchart A, Besbelli N. Suicide, suicide attempts and pesticides: A major hidden public health problem. Bull World Health Organ. 2006;84(4):260.
Lange S, Cayetano C, Jiang H, Tausch A, Oliveira ES. Contextual factors associated with country-level suicide mortality in the Americas, 2000-2019: a cross-sectional ecological study. Lancet Reg Health Am. 2023;20:100450. doi:10.1016/j.lana.2023.100450
Machado DB, Santos DN. Suicídio no Brasil, de 2000 a 2012. J Bras Psiquiatr. 2015;64(1):45–54. doi:10.1590/0047-2085000000056
Oliveira Alves FJ, Fialho E, Paiva de Araújo JA, et al. The rising trends of self-harm in Brazil: an ecological analysis of notifications, hospitalisations, and mortality between 2011 and 2022. Lancet Reg Health Am. 2024;31:100691. doi:10.1016/j.lana.2024.100691
Antunes JLF, Cardoso MRA. Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(3):565–76. doi:10.5123/S1679-49742015000300024
Ilic M, Ilic I. Worldwide suicide mortality trends (2000-2019): A joinpoint regression analysis. World J Psychiatry. 2022;12(8):1044-1060. doi:10.5498/wjp.v12.i8.1044
Brasil. Ministério da Saúde. Panorama dos suicídios e lesões autoprovocadas no Brasil de 2010 a 2021. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Boletim Epidemiológico. 2024;55(4). Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2024/boletim-epidemiologico-volume-55-no-04.pdf/view
Oliveira Alves FJ, Fialho E, Paiva de Araújo JA, et al. The rising trends of self-harm in Brazil: an ecological analysis of notifications, hospitalisations, and mortality between 2011 and 2022. Lancet Reg Health Am. 2024;31:100691. doi:10.1016/j.lana.2024.100691
Nações Unidas. Transformando nosso mundo: a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. 2015. Available from: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
Ruiz AMP, Fernandez MRB, Komoda DS, Treichel CA dos S, Cordeiro RC. Risk and protective factors for suicide: a populational case-control study, Brazil, 2019. Rev Saúde Pública. 2023;57:16. doi:10.11606/s1518-8787.2023057004606
World Health Organization. Mental Health and Substance Use. Geneva: WHO; 2020. Available from: https://www.who.int/teams/mental-health-and-substance-use/suicide-data
Goodfellow B, Kõlves K, de Leo D. Contemporary Definitions of Suicidal Behavior: A Systematic Literature Review. Suicide Life Threat Behav. 2019;49(2):488-504. doi:10.1111/sltb.12457
Batista MN, Carneiro AM, Gomes JO, Cardoso HF. Análise Epidemiológica do Suicídio em duas Regiões do Estado de São Paulo entre 2004 e 2008. Psicol Pesq. 2012;6(2):02-12.
Li Z, Page A, Martin G, Taylor R. Attributable risk of psychiatric and socio-economic factors for suicide from individual-level, population-based studies: A systematic review. Soc Sci Med. 2011;72(4):608-616. doi:10.1016/j.socscimed.2010.12.010
Vidal CEL, Gontijo ECDM, Lima LA. Tentativas de suicídio: fatores prognósticos e estimativa do excesso de mortalidade. Cad Saúde Pública. 2013;29(1):175–87. doi:10.1590/S0102-311X2013000100020
Dufort M, Stenbacka M, Gumpert MC. Physical domestic violence exposure is highly associated with suicidal attempts in both women and men. Eur J Public Health. 2015;25(3):413-8. doi:10.1093/eurpub/cku198
Alhusen JL, Frohman N, Purcell G. Intimate partner violence and suicidal ideation in pregnant women. Arch Womens Ment Health. 2015;18(4):573-8. doi:10.1007/s00737-015-0523-8
Lee SU, Park JI, Lee HA, Kweon YS, Ahn MH, Hong JP, et al. Changing trends in suicide rates in South Korea from 1993 to 2016: a descriptive study. BMJ Open. 2018;8(9). doi:10.1136/bmjopen-2018-023144
Schmitt R, Galon T, Nogueira J, Deitos F. Perfil epidemiológico do suicídio no extremo oeste do estado de Santa Catarina, Brasil. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2008;30(2):115-23. doi:10.1590/S0101-81082008000300009
Pedrosa NFNC, Souza DM, Andrade RLP, Leite RS, Barbosa AJ. Análise dos principais fatores epidemiológicos relacionados ao suicídio em uma cidade no interior do Ceará. J Health Biol Sci. 2018;6(4):399. doi:10.12662/2317-3076jhbs.v6i4.716.p399-406.2018
Choi M, Lee YH. Regional Variation of Suicide Mortality in South Korea. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(15):1-15. doi:10.3390/ijerph17155457. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32731583.
Kposowa AJ, Ezzat DA, Breault KD. Marital status, sex, and suicide: new longitudinal findings and Durkheim’s marital status propositions. Sociol Spectrum. 2020;40(2):81-98. doi:10.1080/02732173.2020.1758261. Available from: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02732173.2020.1758261.
Mata KCR da, Daltro MR, Ponde MP. Perfil epidemiológico de mortalidade por suicídio no Brasil entre 2006 e 2015. Rev Psicol Divers Saúde. 2020;74-87. Available from: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1254486.
Miranda IMO, Ribeiro RG, Menezes IS, et al. Caracterização da ideação suicida em estudantes universitários. Rev Univ Vale Rio Verde. 2018;16(1). Available from: https://www.scielo.br/j/rlae/a/vL5pdK8zq9NqrtXbQQFyvpd/?lang=pt&format=pdf.
Kilmartin C. Depression in men: communication, diagnosis and therapy. J Men’s Health Gend. 2005;2(1):95-99. doi:10.1016/j.jmhg.2004.10.010. Available from: https://www.liebertpub.com/doi/abs/10.1016/j.jmhg.2004.10.010.
Hawton K, Van Heeringen K. Suicide. Lancet. 2009;373(9672):1372-81. doi:10.1016/S0140-6736(09)60372-X. Available from: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(09)60372-X/fulltext.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Raquel Maia, Kennedy Maia, Vanízia Maciel, Jader Bezerra, Antônio Clodoaldo Castro, Joy Cavalcante, Adriele Silva, Rodonilton Souza