Resumo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido como um distúrbio no neurodesenvolvimento, que compromete a função cognitiva do paciente. Sua etiologia ainda é desconhecida, mas estudos sugerem que seu fenótipo seja influenciado por interações entre a genética e o meio ambiente. O microbioma intestinal tem sido amplamente estudado em relação ao TEA, devido a estudos que sugerem que o mesmo tem um papel crítico na função e regulação de diversos sistemas orgânicos, a partir do eixo intestino-cérebro. Embora seja um campo de pesquisa novo, o uso do conhecimento microbiano promete oferecer uma óptica mais integrada para entender este transtorno. O objetivo do presente estudo consiste em compreender como as mudanças dietéticas e suplementações podem impactar e influenciar positivamente no tratamento de pacientes com TEA, a partir do entendimento funcional da microbiota intestinal, da relação do eixo intestino-cérebro e da compreensão fisiológica e funcional do TEA. Foram realizadas análises de artigos e diretrizes publicados nas bases de dados Scielo e Pubmed tendo um total de 53 artigos analisados, sendo ponderado como a alimentação desempenha um papel importante no tratamento do TEA, embora a relação específica entre alimentação e TEA ainda esteja sendo pesquisada. Foi encontrada uma forte seletividade alimentar influenciando a microbiota intestinal associada a níveis mais altos de permeabilidade intestinal, aumentando as citocinas pró-inflamatórias, que estão associadas a distúrbios prejudiciais de comunicação social e neurodesenvolvimento. A interação intestino-cérebro influencia a quimioterapia vagal e os mecanorreceptores nos níveis de vilosidades mucosas e cortisol sistêmico, levando a uma exacerbação dos sintomas gastrointestinais e do estado inflamatório. Evidências sugerem que certos aspectos da dieta podem influenciar o comportamento e o bem-estar de pessoas com TEA, como também o uso de certos suplementos dietéticos. Ao fim da nossa revisão bibliográfica, concluímos que, embora a dieta e a suplementação alimentar possam desempenhar um papel no tratamento do TEA, é importante reconhecer que essas abordagens não são uma cura definitiva e que os resultados podem variar de pessoa para pessoa.
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