Resumo
Este artigo traz o relato da minha vivência enquanto Assistente Social, na Residência Multiprofissional em Saúde Mental (RESMEN), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tendo como cenário de prática um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III. O relato busca descrever e analisar as atividades desenvolvidas entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022. Vale ressaltar que este equipamento se constitui em um dispositivo estratégico de cuidado para pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, cujo objetivo é reorientar o modelo de assistência ofertada às pessoas em sofrimento mental. No sentido de buscar compreender os objetivos postos, este estudo classifica-se como descritivo, do tipo qualitativo, por meio do relato de experiência, considerando este, como técnica que viabiliza descrever, compreender e analisar as ações desenvolvidas em equipe interdisciplinar. Nessa perspectiva, por meio das práticas no âmbito da residência multiprofissional, foram realizadas intervenções profissionais, e, através destas, foi possível observar como vem se dando os rebatimentos de movimentos macroestruturais no dispositivo. Foi possível identificar que, a realidade que se coloca na atualidade, remonta grandes desafios para o cuidado em saúde mental baseado em serviços de caráter aberto e comunitário, tendo em vista os sucessivos ataques ao modelo de atenção psicossocial, os quais se revelam na precarização do serviço e nas fragilidades das condições de trabalho. Há que se considerar, ainda, os atravessamentos relacionados à Pandemia da COVID-19 no âmbito desse espaço sócio ocupacional. Nesse contexto, a experiência revela a importância da inserção da residência no cotidiano de trabalho do SUS, e, ainda, traz contribuições sobre a atuação específica do serviço social nesse contexto, apontando os desafios e possibilidades de atuação profissional em meio a conjuntura de desmontes e precarização na Política de Saúde Mental.
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