Resumo
A infecção por toxoplasmose durante a gravidez e seu desfecho potencialmente trágico para o feto e recém-nascido continuam a ocorrer no Brasil, apesar de poderem ser prevenidas. A toxoplasmose gestacional no estado do Amazonas emerge como um desafio complexo, intrinsecamente ligado às características singulares dessa região. O Amazonas, com sua vasta biodiversidade e ecossistemas únicos, apresenta um cenário propício para a interação entre seres humanos, animais e o agente etiológico. Nesse sentido, compreender os fatores de risco e evidenciar as populações mais vulneráveis é crucial para intervenções mais eficientes. O objetivo desse trabalho foi analisar a prevalência e o perfil epidemiológico dos casos de toxoplasmose gestacional no estado do Amazonas no período de 2019 a 2022. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e retrospectivo, que realizou a análise dos casos de toxoplasmose em gestantes no estado do Amazonas, no período entre 2019 e 2022. Todos os dados foram extraídos da base de dados Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), disponíveis na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A frequência da toxoplasmose gestacional no Amazonas apresentou tendência crescente. Segundo o SINAN, o Brasil registrou, no período de 2019 a 2022, 435 casos. Os dados sociodemográficos demonstraram que no Amazonas, os casos de toxoplasmose gestacional apresentaram um aumento expressivo nos últimos cinco anos, com a infecção predominando em mulheres pardas com idade entre 20 a 39 anos. Além disso, as infecções foram mais prevalentes no segundo trimestre de gravidez. Os nossos resultados sugerem que fatores socioeconômicos, vulnerabilidade social e acesso limitado à informação, podem contribuir para o risco de desenvolver toxoplasmose gestacional.
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