Anestesia Raquidiana em Cirurgias Obstétricas: Complicações Hemodinâmicas e Abordagens de Prevenção

Resumo

A anestesia raquidiana é amplamente utilizada em cirurgias obstétricas, especialmente nas cesarianas, devido à sua eficácia, segurança e rapidez de instalação do bloqueio sensitivo e motor. Contudo, apesar das vantagens, essa técnica está associada a complicações hemodinâmicas, sendo a hipotensão arterial a mais frequente e potencialmente grave, podendo repercutir tanto na gestante quanto no feto. A Sociedade Brasileira de Anestesiologia, alinhada a diretrizes internacionais, ressalta a importância do reconhecimento precoce e da adoção de estratégias preventivas para reduzir riscos materno-fetais. O objetivo desta análise é discutir as complicações hemodinâmicas decorrentes da anestesia raquidiana em obstetrícia e avaliar as principais medidas de prevenção atualmente recomendadas na prática clínica. A metodologia consistiu em revisão narrativa da literatura, abrangendo publicações entre 2017 e 2025 em bases como PubMed, Scielo e Embase, além de diretrizes atualizadas da Sociedade Brasileira de Anestesiologia e da American Society of Anesthesiologists. Foram incluídos artigos com ênfase em complicações hemodinâmicas e abordagens preventivas. Os resultados evidenciam que a hipotensão ocorre em até 80% das cesarianas com raquianestesia, resultante da vasodilatação simpática e redução da resistência vascular sistêmica. As estratégias de prevenção incluem expansão volêmica com cristaloides ou coloides, posicionamento adequado da gestante com deslocamento uterino para a esquerda, uso de meias de compressão e administração profilática de vasopressores como efedrina ou fenilefrina. Evidências recentes apontam a fenilefrina como primeira escolha pela melhor manutenção da pressão arterial materna e menor incidência de acidose fetal. Além disso, protocolos individualizados têm demonstrado redução significativa da morbimortalidade materno-fetal. Conclui-se que a anestesia raquidiana, embora seja técnica padrão em cesarianas, exige vigilância rigorosa sobre complicações hemodinâmicas. O emprego de medidas preventivas baseadas em evidências é fundamental para garantir segurança e melhores desfechos obstétricos.