Glaucoma de Ângulo Aberto: Abordagem Atual, Desafios Diagnósticos e Avanços Terapêuticos
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Palavras-chave

glaucoma, ângulo aberto, diagnóstico, terapêutica, oftalmologia, prevenção

Como Citar

De Carvalho Gomes, C. D., Reis Kanawa, A. A., de Almeida Resende, J., Tavares Testoni, N. M., de Araújo Gomes da Silva, A., de Oliveira Rebouças, E., Miguel Cuadros, S., Carvalho Encinas, B., Tomasi, G., Sant’ana Soares, H., & Bonjour Mendes, A. L. (2025). Glaucoma de Ângulo Aberto: Abordagem Atual, Desafios Diagnósticos e Avanços Terapêuticos. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 7(8), 886–898. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2025v7n8p886-898

Resumo

O glaucoma de ângulo aberto é a forma mais prevalente de glaucoma, caracterizando-se por neuropatia óptica crônica e progressiva, geralmente assintomática nos estágios iniciais. Estima-se que milhões de pessoas no mundo convivam com a doença, considerada a principal causa de cegueira irreversível em escala global. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia destaca sua relevância crescente, especialmente diante do envelhecimento populacional e da limitação de acesso a programas de rastreamento. A ausência de sintomas precoces dificulta o diagnóstico oportuno, resultando em casos identificados apenas em fases avançadas, quando a perda visual já é significativa e irreversível. Nesse cenário, torna-se fundamental analisar estratégias de detecção precoce e os avanços terapêuticos que ampliam as possibilidades de manejo e controle da progressão da doença. O objetivo deste artigo é revisar os principais desafios diagnósticos relacionados ao glaucoma de ângulo aberto e discutir as opções terapêuticas mais recentes, com base em diretrizes e evidências de sociedades médicas nacionais e internacionais. A metodologia consistiu em revisão narrativa da literatura, incluindo artigos publicados entre 2000 e 2025 em bases como PubMed, Scielo e Embase. Foram priorizados consensos clínicos da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e documentos da American Academy of Ophthalmology. Os resultados demonstram que o diagnóstico precoce permanece difícil, uma vez que a tonometria isolada não é suficiente. Assim, exames complementares, como avaliação do nervo óptico por imagem e o campo visual computadorizado, são indispensáveis. Em relação ao tratamento, os análogos de prostaglandinas seguem como primeira escolha, mas novas classes, como os inibidores de Rho-quinase, têm mostrado benefício adicional. Procedimentos minimamente invasivos (MIGS) surgem como alternativa segura em pacientes refratários. Contudo, adesão terapêutica, custos e desigualdade no acesso ainda constituem obstáculos importantes. Conclui-se que o glaucoma de ângulo aberto é um desafio de saúde pública. Estratégias de diagnóstico precoce e terapias inovadoras são essenciais para reduzir o risco de cegueira irreversível e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

https://doi.org/10.36557/2674-8169.2025v7n8p886-898
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