Implicações da acatisia induzida por antipsicóticos e antidepressivos no risco de suicídio

Abstract

A acatisia é um efeito adverso amplamente reconhecido no uso de antipsicóticos e antidepressivos, caracterizada por intensa inquietação psicomotora e desconforto interno que frequentemente evolui para um sofrimento emocional significativo. Este artigo revisa a literatura científica sobre as implicações da acatisia induzida por esses fármacos no aumento do risco de suicídio, explorando os mecanismos neurobiológicos, as dificuldades diagnósticas e as estratégias de manejo clínico. Estudos sugerem que a acatisia é resultante de disfunções nos sistemas dopaminérgico e serotoninérgico, o que gera alterações nos circuitos de controle motor e emocional, promovendo um estado de desconforto profundo que pode ser interpretado pelo paciente como uma forma de desespero inescapável. Essas manifestações intensificam a vulnerabilidade ao suicídio, uma vez que o sofrimento subjetivo imposto pela acatisia leva muitos indivíduos a considerar o suicídio como uma “solução” para o tormento vivenciado. A revisão enfatiza a necessidade de uma abordagem psiquiátrica que integre a identificação precoce e o manejo direcionado dessa condição, uma vez que a acatisia pode ser confundida com exacerbações do quadro psiquiátrico subjacente. Diretrizes clínicas aprimoradas, capacitação dos profissionais de saúde mental e uma comunicação clara com o paciente emergem como componentes essenciais para um cuidado psiquiátrico seguro e eficaz. A implementação de estratégias que abordem tanto a condição psiquiátrica de base quanto os efeitos adversos induzidos pelo tratamento farmacológico revela-se fundamental para reduzir o impacto da acatisia e os riscos associados ao suicídio, promovendo assim uma prática psiquiátrica mais informada e humanizada.