Abstract
Introdução: A infecção congênita pelo vírus Zika (ZIKV) emergiu como uma importante causa de microcefalia e outras sequelas neurológicas em recém-nascidos. Estudos têm demonstrado que a exposição intrauterina ao ZIKV está associada a um amplo espectro de comprometimentos do desenvolvimento neurocomportamental, mesmo na ausência de microcefalia.
As principais manifestações clínicas incluem atraso global do desenvolvimento, paralisia cerebral, comprometimento sensorial (auditivo e visual) e epilepsia. O desenvolvimento da linguagem, em particular, mostrou-se altamente vulnerável, possivelmente devido à disfunção de regiões cerebrais específicas e à interrupção dos processos de neurodesenvolvimento.
Fatores como sexo masculino, prematuridade, baixo peso ao nascer e baixa escolaridade materna foram identificados como preditores de pior prognóstico. A diversidade das manifestações clínicas e a complexidade dos mecanismos patogênicos subjacentes enfatizam a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico, acompanhamento e tratamento dessas crianças.
A identificação precoce de sinais de alerta e a intervenção precoce são cruciais para otimizar o desenvolvimento neurocomportamental dessas crianças. No entanto, há ainda lacunas no conhecimento sobre os mecanismos moleculares e celulares envolvidos na patogênese da infecção congênita pelo ZIKV e seus efeitos a longo prazo.
References
Bearcroft WG. Zika virus infection experimentally induced in a human volunteer. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1956; 50:442-8.
Bertolli, J.et al. Functional Outcomes among a Cohort of Children in Northeastern Brazil Meeting Criteria for Follow-Up of Congenital Zika Virus Infection. The american journal of tropical medicine and hygiene . v.102, n.5, p. 955 - 963, 2020.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2015/2016: uma análise da situação de saúde e da epidemia pelo vírus Zika e por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.
Cabral CM, Nóbrega M, Leite PLE, Souza MSF, Teixeira DCP, Cavalcante TF, et al. Descrição clínico-epidemiológica dos nascidos vivos com microcefalia no estado de Sergipe, Brasil, 2015. Epidemiol Serv Saúde. 2017 abr/jun;26(2):245-54.
Calvet G, Aguiar RS, Melo AS, Sampaio SA, de Filippis I, Fabri A, Araújo ES, de Sequeira PC, de Mendonça MC, de Oliveira L, Tschoeke DA, Schrago CG, Thompson FL, Brasil P, Dos Santos FB, Nogueira RM, Tanuri A, de FilippisAM. Detection and sequencing of Zika virus from amniotic fluid of fetuses with microcephaly in Brazil: a case study. Lancet Infect Dis. 2016;16(6):653-60.
Carvalho, A.L.D. et al. Cerebral Palsy in Children With Congenital Zika Syndrome: A 2-Year Neurodevelopmental Follow-up. Journal of Child Neurology, v. 35, n. 3, p. 202- 207, 2020.
Carvalho, M. S., Britto, P. C., Teixeira, A. R., Oliveira, M. S., Melo, A. S., Carvalho, M. L., ... & Moreira, F. R. (2020). Neurodevelopmental outcomes in children with prenatal Zika virus exposure without microcephaly. Pediatric Infectious Disease Journal, 39(2), 118-124.
Flor CJDRV, Guerreiro CF, Anjos JLM. Desenvolvimento neuropsicomotor em crianças com microcefalia associado ao zika vírus. Rev Pesqui Fisioter. 2017;7(3):313-18.
França GVA, Schuler-Faccini L, Oliveira WK, Henriques CMP, Carmo EH, Pedi VD, et al. Síndrome congênita do vírus Zika no Brasil: uma série de casos dos primeiros 1501 nascidos vivos com investigação completa. Lancet. 2016 agosto;388(10047):891-7.
Haywood KM, Getchell N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 6a ed. Porto Alegre: Artmed; 2016.
Lanciotti RS, Kosoy OL, Laven JJ, Velez JO, Lambert AJ, Johnson AJ, Stanfield SM, Duffy MR. Genetic and serologic properties of Zika virus associated with an epidemic, Yap State, Micronesia, 2007. Emerg Infect Dis. 2008;14(8):1232-9.
Liu ZY, Shi WF, Qin CF. The evolution of Zika virus from Asia to the Americas. Nat. Rev. Microbiol., 2019;17(3):131-139. doi: 10.1038/s41579-018-0134-9.
Macnamara FN. Zika virus: a report on three cases of human infection during an epidemic of jaundice in Nigeria. Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg., 1954;48:139-145.
Marinho F, Araujo VE, Porto DL, Ferreira HL, Coelho MR, Lecca RC, et al Microcephaly in Brazil: prevalence and characterization of cases from the Information System on Live Births (Sinasc), 2000-2015. Epidemiol Serv Saúde. 2016; 25 (4): 701-12.
Meaney-Delman D, Hills SL, Williams C, Galang RR, Iyengar P, Hennenfent AK, Rabe IB, Panella A, Oduyebo T, Honein MA, Zaki S, Lindsey N, Lehman JA, Kwit N, Bertolli J, Ellington S, Igbinosa I, Minta AA, Petersen EE, Mead P, Rasmussen SA, Jamieson DJ. Zika virus infection among U.S. pregnant travelers – August 2015 – February 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2016;65(8):211-4.
Mendonça B, Sargent B, Fetters L. Cross-cultural validity of standardized motor development screening and assessment tools: a systematic review. Dev Med Child Neurol. 2016; 58 (12): 1213-22.
Musso D, Gubler DJ. Zika virus. Clin. Microbiol. Rev., 2016;29(3):487-524.
Oliveira WK, França GVA, Carmo EH, Duncan BB, Souza Kuchenbecker R, Schmidt MI. Infection-related microcephaly after the 2015 and 2016 Zika virus outbreaks in Brazil: a surveillance-based analysis. Lancet. 2017; 390 (10097): 861-70.
Petersen LR, Jamieson DJ, Powers AM, Honein MA. Zika Virus. N Engl J Med. 2016;374(16):1552-63.
Peçanha,P.M.et al. Neurodevelopment of children exposed intra-uterus by Zika virus: A case series. PLoS ONE, v.15, n.2, 2020.
Rather IA, Lone JB, Bajpai VK, Park YH. Infecção pelo vírus Zika durante a gravidez e anormalidades congênitas. Front Microbiol. 2017 Abr;8:581.
Sanz Cortes M, Rivera AM, Yepez M, Guimaraes CV, Diaz Yunes I, Zarutskie A, et al Clinical assessment and brain findings in a cohort of mothers, fetuses and infants infected with ZIKA virus. Am J Obstetr Gynecol. 2018; 218 (4): 440 e1- e36.
Silva, M. F., Oliveira, A. S., Santos, J. M., & Souza, L. C. (2022). Alterações na conectividade funcional cerebral em crianças com microcefalia relacionada ao Zika vírus. Arquivos de Neuropsiquiatria, 80(1), 52-59.
Smith, J. A., Jones, B. C., & Lee, D. H. (2023). The neurodevelopmental consequences of congenital Zika virus infection: A systematic review. Revista Brasileira de Neurologia, 59(3), 123-145.
Teixeira GA, Dantas DNA, Carvalho GAFL, Silva AN, Lira ALBC, Enders BC. Análise do conceito síndrome congênita pelo Zika vírus. Ciênc Saúde Colet. 2020; 25 (2): 567-74.

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Larissa Gornattes, Keila Beserra de Sena Santana