Resumo
Na face interna do corpo da mandíbula, há uma saliência irregular mediana denominada de espinha mentual, onde se inserem os músculos genioglosso e genio-hióideo. Acima desta espinha localiza-se o forame lingual superior, que quando presente, é atravessado por um ramo da artéria sublingual e o forame lingual inferior que dá passagem a um ramo do nervo milo-hióideo podendo haver variações destes forames quanto ao número e localização. O objetivo do nosso estudo foi verificar a prevalência destes forames tanto com relação ao número e localização em mandíbulas secas de adultos e sua relação com o dimorfismo sexual. Para o nosso estudo foram utilizadas 469 mandíbulas secas de adultos, sendo 172 do sexo feminino e 297 do sexo masculino. A amostra está compreendida na faixa etária entre 20 e 85 anos de idade, todas pertencentes a uma Coleção Osteológica da Região Nordeste do Brasil pertencente a Faculdade de Medicina da Fap-Araripina (PE). Após o término da coleta dos dados, verificamos seis formas de apresentação do forame lingual onde classificamos da seguinte maneira: Tipo 1, forame único superior localizado na linha mediana acima da espinha mentual; Tipo 2, forame único inferior localizado na linha mediana abaixo da espinha mentual; Tipo 3, forames duplos localizados na linha mediana acima e abaixo da espinha mentual; Tipo 4, mandíbula com ausência de forame lingual; Tipo 5, forame único lateralizado com relação a espinha mentual e Tipo 6, forame bilateral com relação a espinha mentual. Após análise dos dados, verificamos os seguintes resultados com relação a amostra total (n=469). O Tipo mais frequente foi o 3, verificado em 180 mandíbulas representando 38,38% dos casos. Em seguida veio o Tipo 1 com 27,72%, os Tipos 2 e 5 com 10,66% cada, o Tipo 6 com 10,45% e por fim o Tipo 4 com apenas 2,13% dos casos. Com relação ao sexo foram observados os seguintes resultados. Das 297 mandíbulas pertencentes ao sexo masculino, o Tipo 3 também foi encontrado com maior frequência, aparecendo em 38,05% dos casos analisados. Com relação ao sexo feminino também o Tipo 3 foi o mais frequente com 38,95% dos casos. Observou-se que houve variações do forame lingual tanto em número quanto na localização, não havendo diferença significativa com relação ao dimorfismo sexual. O conhecimento da incidência de variações na morfologia desta estrutura em diferentes grupos populacionais é fundamental para o sucesso e a confiabilidade de procedimentos nesta região.
Referências
ALQUTAIBI, A.Y. et al. Morphometric analysis of the midline mandibular lingual canal and mandibular lingual foramina: a cone beam computed tomography (CBCT). International Journal of Environmental Research and Public Health, v.19, n.24, 2022.
BARBOSA, D.A.F. et al. Systematic review and meta-analysis of lingual foramina anatomy and surgical-related aspects on cone-Beam computed tomography: a prospero registered study. Oral Radiology, v. 38, n.1, p.1-16, 2022.
CHEN,Y. et al. Study of the mandibular canal and its surrounding canals by multi-view cone-beam computed tomography. Insights into Imaging, v. 15, n.1, p. 103-8, 2024.
DÂNGELO, J.G.; FATTINI, C.A. Anatomia Humana Sistêmica e segmentar. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2007
ISMAN, O. et al. Evaluation of the relationship between appearances of the lingual forame non panoramic radiography and cone-beam computed tomography. Nigerian Journal of Clinical Practice, v. 23, n. 2, p.205-211, 2020.
KRISHNAN, U. et al. A limited field cone beam computed tomography based evaluation of the mental foramen, accessory mental foramina, anterior loop, lateral lingual foramen and lateral lingual canal. Journal of Endodontics, v. 44, n. 6, p. 946-951, 2018.
MADEIRA, M.C. Anatomia da Face. Bases anátomo-funcionais para a prática odontológica. 2ª Ed. São Paulo: Sarvier, 1997.
MOORE, K.L. Anatomia orientada para a clínica. 8 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
MOSHFEGHI, M. et al. Lingual foramen of the mandible on cone-Beam computed tomography scan: a study of anatomical variations in na Iranian population. Frontiers in Dentistry, 8 jun. 2021.
PALMA, L.F. et al. Avaliação e correlação clínica dos forames da face interna da região anterior de mandíbulas secas humanas. Revista Brasileira de Odontologia, v.71, n.2, p.188-93, 2014.
SANCHEZ-PEREZ, A.; GARCIA, P.B.; LOPEZ-JORNET, P. Cone-Beam CT assessment of the position of the medial lingual foramen for dental implant placement in the anterior symphysis. Implant Dentistry, v. 27, n.1, p. 43-48, 2018.
SURATHU, N. et al. A CBCT assessment of the incidence and location of the lingual foramen in the anterior mandible. Journal of Oral implantology, v.48, n.2, p.92-98, 2021.
VERMA, S. et al. CBCT evaluation of lingual foramen and its anatomic variations in Northeast Indian population. Journal of pharmacy and bioallied sciences, v. 15, n. 1, p. 698-701, 2023.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Kaique Cesar Freitas Soares, Ana Lícia Bitu Primu, Mariana Xavier Cruz, Maria Eugênia Coelho Oliveira, Késio Arthur de Freitas Alves, Paulo Fernando Feitosa Torres, Lucas Correia Sampaio, Julia Beatriz Oliveira Silva, Rhuan Áslley de Santana da Silva, Maria Eduarda Feitosa Torres, Erasmo Almeida Junior, Émerson de Oliveira Ferreira