Mecanismos Fisiopatológicos e Biomarcadores Associados à Depressão Pós-Parto - Uma Revisão da Literatura

Resumo

INTRODUÇÃO: Conhecida como Depressão Pós-Parto (DPP), o Episódio Depressivo Maior de início no periparto é definido no DSM-5 por sintomas depressivos durante ou após a gestação e associados a ansiedade, ataques de pânico e psicose. Embora subdiagnosticada, acomete até 20% das gestantes. Os fatores de risco são depressão e ansiedade prévios, vínculo mãe-filho prejudicado, dinâmica familiar comprometida e baixo nível socioeconômico. OBJETIVO: Analisar os mecanismos fisiopatológicos e biomarcadores relacionados à DPP. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão de literatura. Foi realizada busca em 31 de agosto de 2024 na base de dados PubMed, utilizando os descritores (DeCS): Postpartum Depression, Pathophysiology, Mechanism, Causes. Obteve-se 63 resultados, sendo excluídos artigos não disponíveis gratuitamente e que não abordavam a fisiopatologia da depressão pós-parto, resultando em um n = 8. RESULTADOS: Verificam-se múltiplos fatores biológicos e fisiopatológicos associados à DPP. É evidente o impacto hormonal na gestação e puerpério, marcados por alterações nos níveis de estrogênio e progesterona, com efeitos bem estabelecidos. A redução da ocitocina também está relacionada. As alterações tireoidianas, sobretudo o hipotireoidismo, se associam ao DPP tardio por interação com o cortisol. Já o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) possui influência sobre os sintomas depressivos desde o início da gestação, por interação entre glicocorticóides maternos e placentários. Também se observou risco elevado associados aos anti-hipertensivos, como Metildopa, devido mecanismos neutrofílicos, redução do fluxo cerebral, neurotoxicidade e elevação de prolactina. Os fatores genéticos já descritos envolvem 8 genes principais ligados à DPP (HNRNPA2B1, IL10, RAD51, UBA52, NHP2, RPL13A, FBL, SPI1) e possível alteração na metilação pela epigenética. Por fim, a diminuição do sistema GABAérgico traz perspectiva promissora a novas terapias, em especial a alopregnanolona. CONCLUSÃO: Conclui-se que a DPP é uma patologia multifacetada e necessita de mais estudos acerca das flutuações hormonais, disfunções no eixo HPA, aspectos tireoidianos, fatores genéticos e epigenéticos, marcadores biológicos e o impacto de medicamentos, sendo crucial para aprimorar o diagnóstico, triagem, prevenção e tratamento, garantindo saúde mental materna e familiar adequada.