Aspectos Fisiopatológicos do Afogamento: Uma Revisão Narrativa

Resumo

O afogamento continua sendo uma das principais causas de morte não intencional no Brasil especialmente em crianças, adolescentes e adultos jovens e em várias partes do mundo, com implicações significativas para a saúde pública. Objetivo: Este artigo apresenta uma revisão narrativa da literatura publicada entre 2000 e 2025, descrevendo os principais mecanismos respiratórios, cardiovasculares, neurológicos e térmicos envolvidos no afogamento. Metodologia: Foram consultadas as bases PubMed, Scopus, Web of Science, SciELO, LILACS e BVS. Após processo de triagem em duas etapas, 72 referências atenderam a todos os critérios de elegibilidade e compuseram a síntese final. O afogamento é classificado como o processo de aspiração de líquido não corporal, geralmente água, durante um episódio de submersão ou imersão. As alterações respiratórias incluem a obstrução das vias aéreas, edema pulmonar e hipoxemia, que podem levar à síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) em casos graves. As alterações cardiovasculares envolvem arritmias, bradicardia, hipotensão e choque, que podem ser precipitados pela hidrocussão (choque térmico), especialmente em afogamentos em águas frias. O impacto neurológico é substancial e pode variar de déficits cognitivos leves a danos cerebrais irreversíveis, dependendo do tempo de submersão e da resposta terapêutica imediata. As estatísticas atuais revelam que o Brasil registrou 5.883 óbitos por afogamento em 2023, com a maior taxa de mortalidade afetando crianças e jovens, principalmente nas faixas etárias de 1 a 4 anos (2ª causa) e 10 a 14 anos (3ª causa), 5 a 9 anos (4ª causa) e 15 a 24 anos (4ª causa). Esses números refletem a necessidade urgente de melhorias nas políticas públicas de prevenção e na capacitação de profissionais de saúde e salvamento. Conclui-se que a compreensão detalhada dos mecanismos fisiopatológicos do afogamento é essencial para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de prevenção, salvamento e manejo clínico, além de reforçar a importância da educação e conscientização pública para reduzir a mortalidade e as sequelas associadas a esse tipo de acidente no Brasil.