Manejo Multidisciplinar de Pacientes Queimados: Da Urgência à Reabilitação

Resumo

As queimaduras são lesões traumáticas dos tecidos orgânicos causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos, sendo as térmicas as mais comuns no Brasil. Estima-se que o país registre cerca de 1 milhão de casos por ano, com 200 mil atendimentos de emergência e 40 mil internações. As queimaduras térmicas são classificadas em graus: as de primeiro grau atingem apenas a epiderme e não oferecem risco à vida; as de segundo grau acometem a derme parcial e são dolorosas; e as de terceiro grau atingem todas as camadas da pele, sendo indolores por destruírem terminações nervosas. Há ainda as de quarto grau, com carbonização e danos a tecidos profundos. Queimaduras químicas, causadas por ácidos ou álcalis, e elétricas, classificadas por voltagem, também são frequentes, sendo estas últimas potencialmente graves, com risco de lesões internas extensas e complicações respiratórias. O tratamento inicial exige interrupção da queimadura, remoção cuidadosa das roupas, manutenção da via aérea e oxigenoterapia em caso de inalação de fumaça. A resposta sistêmica pode envolver alterações respiratórias, cardiovasculares, metabólicas e imunológicas, tornando o cuidado multidisciplinar essencial. A reabilitação fisioterapêutica precoce contribui para evitar sequelas funcionais, enquanto a enfermagem tem papel fundamental na analgesia, curativos e prevenção de infecções. Técnicas como uso de sulfadiazina de prata, terapia por pressão negativa e curativos com pele de tilápia — rica em colágeno tipo I, semelhante ao da pele humana — têm mostrado bons resultados na cicatrização. Apesar dos avanços, desafios como a capacitação de profissionais e o impacto psicológico nos pacientes persistem. Assim, é essencial garantir suporte físico, emocional e social aos queimados, além de promover educação em primeiros socorros para a população, evitando práticas inadequadas que agravam as lesões.