Influência das variações genéticas na eficácia do tratamento de transtornos de personalidade

Resumo

Os transtornos de personalidade (TPs) são condições psiquiátricas complexas, caracterizadas por padrões persistentes de comportamento, cognição e regulação emocional desadaptáveis. A resposta ao tratamento nesses transtornos, incluindo intervenções farmacológicas e psicoterapêuticas, é notoriamente variável, refletindo tanto a heterogeneidade dos TPs quanto a influência de fatores genéticos e ambientais. Este artigo revisa criticamente a literatura atual sobre a relação entre variações genéticas e a resposta ao tratamento em TPs, com foco nas interações gene-ambiente (GxE) e suas implicações terapêuticas. Genes associados aos sistemas serotoninérgico (SLC6A4), dopaminérgico (DRD4) e de neuroplasticidade (BDNF) emergem como fatores chave na modulação da resposta a intervenções farmacológicas, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e estabilizadores de humor. A variante short do polimorfismo 5-HTTLPR, por exemplo, está associada a uma menor eficácia dos ISRS e uma maior sensibilidade ao estresse, enquanto o polimorfismo Val66Met no BDNF afeta a resposta à psicoterapia em pacientes com transtorno de personalidade borderline. Além disso, as interações GxE, especialmente em indivíduos expostos a traumas precoces, são cruciais para compreender as diferenças interindividuais na resposta terapêutica, enfatizando a necessidade de abordagens personalizadas no tratamento de TPs. A revisão conclui que a integração de dados genéticos e ambientais na formulação de estratégias terapêuticas representa uma promissora via para a psiquiatria personalizada, capaz de melhorar significativamente os desfechos clínicos e otimizar a eficácia das intervenções.