Eficácia da antibioticoprofilaxia na prevenção de infecções do sítio cirúrgico: uma revisão sistemática.

Resumo

Introdução: A Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) é caracterizada por infecções que surgem no local onde foi realizado o procedimento cirúrgico, geralmente como uma complicação local da área operada. No Brasil, essas infecções estão classificadas entre as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e representam de 14% a 16% das internações hospitalares. Assim, a antibioticoprofilaxia poderia, de certa forma, atuar auxiliando na redução da incidência dessas infecções. Objetivos: Avaliar a eficácia da antibioticoprofilaxia para prevenção da infecção pós operatória e identificar os perfis de pacientes beneficiados por essa técnica através dos desfechos após o seu uso. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática usando dados das bases PubMed e LILACS, pesquisando pelos termos "Surgery" e "antibiotic prophylaxis". O objetivo foi encontrar estudos que analisassem a incidência de infecções no local da cirurgia. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados que compararam o uso de antibióticos antes ou durante a cirurgia com grupos de controle que não receberam essa terapia. Resultados: Sete ensaios clínicos randomizados que atenderam aos critérios de inclusão foram avaliados, revelando diferentes níveis de risco de viés. As intervenções analisadas incluíram a cirurgia de câncer de mama, a colecistectomia laparoscópica, a cirurgia colorretal eletiva e a cirurgia periocular de rotina, envolvendo um total de 2.216 pacientes. Nos estudos sobre cirurgia de câncer de mama, dois ensaios mostraram que o uso de antibióticos não apresentou diferença significativa em relação ao grupo controle. Na colecistectomia laparoscópica, um estudo indicou que o uso de antibióticos foi mais eficaz do que a ausência de profilaxia, enquanto dois outros estudos não demonstraram benefício profilático. Para a cirurgia colorretal eletiva, não houve diferença estatística entre os tratamentos comparados em nenhum dos resultados avaliados. Por outro lado, na cirurgia periocular de rotina, os pacientes tratados com pomada antibiótica tópica apresentaram um menor risco de infecção no local da cirurgia. Conclusões: Em consonância com revisões passadas, a antibioticoprofilaxia não demonstrou eficácia para melhorar os desfechos de infecção em diferentes sítios cirúrgicos. Visando oferecer um melhor cuidado não parece ser uma boa estratégia ofertar antibióticos para fins profiláticos aos pacientes.