Resumo
Introdução: A sífilis congênita é uma infecção causada pelo Treponema pallidum, transmitida durante a gestação ou no parto. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a região Sul apresentou uma taxa de 9,8 casos por mil nascidos vivos. A doença pode se manifestar de forma precoce, tardia ou como natimorto, sendo o diagnóstico, realizado por meio do exame VDRL durante o pré-natal, essencial para intervenções eficazes. Objetivo: Analisar o perfil da sífilis congênita na região Sul do Brasil no período de 2013 a 2023. Método: Trata-se de um estudo ecológico-temporal sobre a sífilis congênita na região Sul, baseado em dados secundários do SINAN-DATASUS no período de 2013 a 2023. Foram analisadas variáveis sociodemográficas e clínicas. Resultados: Durante o período analisado, a região Sul do Brasil registrou 31.728 casos de sífilis congênita. A faixa etária predominante das mães estava entre 20 e 24 anos, com escolaridade inferior a 8 anos. A maioria das gestantes realizou o pré-natal, sendo que 71,03% dos casos foram diagnosticados nesse acompanhamento. Entre os casos registrados, 29.105 foram classificados como sífilis recente, e 99,8% dos bebês foram diagnosticados antes de completarem 1 ano de idade. Em relação à taxa de mortalidade na região Sul, ocorreram 40,76 notificações de óbito a cada 100 mil nascidos vivos. Apesar da alta adesão ao pré-natal, destaca-se a preocupação com possíveis diagnósticos tardios e/ou tratamentos inadequados, fatores que podem contribuir para o agravamento da doença. Conclusão: A sífilis congênita apresenta um crescimento alarmante na região Sul, com notificações elevadas, incluindo óbitos. Apesar das políticas públicas direcionadas ao controle da doença, os dados reforçam a necessidade de intensificar as ações de educação em saúde, priorizando a realização de testes diagnósticos e o tratamento adequado como estratégias fundamentais para reduzir a transmissão vertical.
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