ANTICOAGULANTES EM CIRURGIA ORAL
PDF

Palavras-chave

Anticoagulantes Orais ; Cirurgia Oral ; Hemorragia; Varfarina.

Como Citar

Miquelante , A. A. (2024). ANTICOAGULANTES EM CIRURGIA ORAL. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(11), 3076–3082. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n11p3076-3082

Resumo

A varfarina é um dos anticoagulantes orais mais utilizados para a prevenção de eventos tromboembólicos em condições como fibrilação auricular, tromboembolismo venoso e próteses valvulares cardíacas. Apesar de sua eficácia, o principal efeito adverso associado ao seu uso é o risco de hemorragia. Este risco é influenciado por fatores como o nível de INR (International Normalized Ratio), condições clínicas do paciente, uso concomitante de medicamentos que afetam a coagulação e a duração do tratamento. Valores elevados de INR, particularmente acima de 4, aumentam substancialmente o risco de hemorragia grave, especialmente em pacientes idosos ou com histórico de coagulopatias, hemorragias gastrointestinais, neoplasias malignas ou insuficiência renal. O uso de medicamentos como anti-inflamatórios não esteroides, ácido acetilsalicílico e outros que interferem na função plaquetária agrava ainda mais o risco hemorrágico.A interrupção da varfarina é frequentemente considerada antes de intervenções cirúrgicas para minimizar o risco de sangramento. No entanto, isso pode expor os pacientes a um aumento do risco de eventos tromboembólicos, já que o efeito antitrombótico da varfarina demora, em média, quatro dias para desaparecer e um tempo semelhante para ser retomado após o reinício do tratamento. Procedimentos de baixo risco de sangramento, como a maioria das cirurgias orais, demonstraram ser seguros sem a interrupção do anticoagulante, desde que o INR permaneça dentro do intervalo terapêutico. Por outro lado, em situações de maior risco, como cirurgias oftalmológicas maiores ou anestesias retrobulbares, a interrupção do tratamento pode ser necessária.Para pacientes com alto risco de tromboembolismo, como aqueles com próteses valvulares mecânicas ou estados de hipercoagulabilidade, a terapia ponte com heparina pode ser indicada. Essa estratégia reduz o tempo em que o paciente permanece sem proteção antitrombótica e minimiza complicações graves. Estudos mostram que complicações tromboembólicas, incluindo eventos fatais, são mais graves e frequentes do que hemorragias em muitos casos, reforçando a necessidade de uma análise detalhada dos riscos e benefícios antes da suspensão da varfarina.Em resumo, a decisão de interromper, manter ou substituir a varfarina deve ser individualizada e considerar o tipo de procedimento, o risco hemorrágico e o perfil clínico do paciente. A manutenção do tratamento é geralmente segura em cirurgias de baixo risco, enquanto abordagens mais cautelosas, como a terapia ponte, são reservadas para situações de alto risco tromboembólico.

https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n11p3076-3082
PDF

Referências

LEVINE, M. N.; RASKOB, G.; LANDEFELD, S.; KEARON, C. Hemorrhagic complications of anticoagulant treatment. *Chest*, v. 119, p. 108S-121S, 2001.

KEARON, C.; HIRSH, J. Management of anticoagulation before and after elective surgery. *New England Journal of Medicine*, v. 336, p. 1506-1511, 1997.

GARFUNKEL, A.; GALILI, D.; FINDLER, M.; LUBLINER, J.; ELDOR. Bleeding tendency: a practical approach in dentistry. *Compendium*, v. 20, p. 836-852, 1999.

AITHAL, G. P.; DAY, C. P.; KESTEVEN, P. J. L.; DALY, A. K. Association of polymorphisms in the cytochrome P450 CYP2C9 with warfarin dose requirement and risk of bleeding complications. *Lancet*, v. 353, p. 717-719, 1999.

HIRSH, J.; FUSTER, V.; ANSELL, J.; HALPERIN, J. L. American Heart Association/American College of Cardiology Foundation guide to warfarin therapy.Circulation, v. 107, p. 1692-1711, 2003.

WAHL, M. Dental surgery in anticoagulated patients. *Archives of Internal Medicine*, v. 158, p. 1610-1616, 1998.

EVANS, I.; SAYERS, A.; GIBBONS, A.; PRICE, G.; SNOOKS, H.; SUGAR, A. Can warfarin be continued during dental extraction? Results of a randomized controlled trial. *British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery*, v. 40, p. 248-252, 2002.

JAFRI, S. M. Periprocedural thromboprophylaxis in patients receiving chronic anticoagulation therapy. *American Heart Journal*, v. 147, p. 3-15, 2004.

SOUTO, J.; OLIVER, A.; ZUAZU-JAUSORO, I.; VIVES, A.; FONTCUBERTA, J. Oral surgery in anticoagulated patients without reducing the dose of oral anticoagulant: a prospective randomized study. *Journal of Oral and Maxillofacial Surgery*, v. 54, p. 27-32, 1996.

LIP, G. Management of anticoagulation before and after elective surgery. *Uptodate*, online 12.2, 2004. Disponível em: <http://www.utdol.com/application/topic.asp?file=coagulat/12261&type=A&selectedTitle=4~174>. Acesso em: 1 out. 2004.

ALEXANDER, R.; FERRETTI, A.; SORENSEN, J. Stop the nonsense, not the anticoagulants: a matter of life and death. *New York State Dental Journal*, v. 68, n. 9, p. 24-26, 2002.

WAHL, M. Myths of dental surgery in patients receiving anticoagulant therapy. *Journal of the American Dental Association*, v. 131, p. 77-81, 2000.

GOHLKE-BÄRWOLF, C.; ZENTRUM, H.; KROZINGEN, B. Anticoagulation in valvar heart disease: new aspects and management during non-cardiac surgery. *Heart*, v. 84, p. 567-572, 2000.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 Adriano Antunes Miquelante