Resumo
Introdução: O transtorno bipolar refratário é uma condição psiquiátrica complexa caracterizada pela persistência de episódios maníacos e depressivos, que não respondem adequadamente a tratamentos convencionais, como medicamentos estabilizadores de humor e antidepressivos. Esse quadro resulta em comprometimento funcional grave, com impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Avaliar o papel dos neuromoduladores e da estimulação cerebral profunda no tratamento do transtorno bipolar refratário, analisando sua eficácia, mecanismos de ação e segurança com base em estudos recentes. Metodologia: A pesquisa seguiu as diretrizes do checklist PRISMA para revisões sistemáticas. Foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed, Scielo e Web of Science, utilizando os descritores "transtorno bipolar refratário", "estimulação cerebral profunda", "neuromoduladores", "tratamento", e "efeitos terapêuticos". A seleção de artigos foi restrita aos últimos dez anos. Os critérios de inclusão foram: estudos clínicos sobre o uso de DBS em transtorno bipolar refratário, pesquisas que investigaram neuromoduladores como terapias adicionais, e artigos publicados em inglês, português ou espanhol. Foram excluídos estudos com amostras pequenas, revisões não sistemáticas e artigos que não apresentaram dados relevantes sobre os efeitos terapêuticos dessas intervenções. Resultados: Os resultados indicaram que tanto a DBS quanto os neuromoduladores mostraram ser terapias promissoras no tratamento do transtorno bipolar refratário. A DBS, especialmente quando direcionada ao núcleo accumbens e a outras áreas envolvidas na regulação emocional, demonstrou reduzir os sintomas de mania e depressão em vários estudos clínicos. Os neuromoduladores, como os que afetam os sistemas dopaminérgico e serotoninérgico, também mostraram eficácia em alguns pacientes, mas com resultados menos consistentes. Conclusão: Tanto a estimulação cerebral profunda quanto os neuromoduladores têm mostrado potencial no tratamento do transtorno bipolar refratário, apresentando melhorias no controle dos sintomas em pacientes resistentes a tratamentos convencionais. No entanto, mais estudos clínicos de longo prazo são necessários para consolidar as evidências de sua eficácia e segurança, além de otimizar os protocolos de tratamento.
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