Resumo
A diabetes é reconhecida como uma doença entre as mais prevalentes no mundo, no Brasil também se trata de uma doença com alta prevalência, sendo o país com a quarta maior população diabética no mundo, estimando-se que 13 milhões de pessoas vivem com a doença em território nacional. A diabetes se trata de uma doença multifatorial, que causa prejuízos à saúde física dos cidadãos e à economia do estado brasileiro, com custos que podem chegar a R$27 bilhões em 2030. Em relação às consequências diretas as principais consequências clínicas para o paciente se tratam do aumento do risco de infarto agudo do miocárdio, AVC isquêmico e hemorrágico, insuficiência renal crônica, neuropatia diabética e cegueira. A maior preocupação em relação a doença está relacionada ao seu crescimento no Brasil ao longo deste século, com aumento progressivo mostrado por levantamentos mundiais ou nacionais, entre os maiores estudos sobre o tema está o rastreamento da VIGITEL, que analisa por meio de ligações telefônicas o perfil de saúde da população brasileira. Apesar de não ser um método completamente fidedigno para mostrar os reais números da doença, o levantamento de dados oferece bases para o planejamento de saúde governamental, e foi a base de estudo deste artigo. Segundo o levantamento da VIGITEL houve aumento do percentual de adultos vivendo com diabetes entre os anos de 2006 a 2021, que passou de 5,5% de prevalência em 2006 para 9,1% em 2021, quando se analisa apenas o percentual de mulheres os números são ainda mais preocupantes, com prevalência de 9,6% da população feminina convivendo com a doença. As diferenças de prevalência entre população feminina e masculina podem ser discutidas com base em culturas de cuidados distantes, sendo que a população masculina historicamente busca menos cuidados de saúde. Quando se fala de diferenças educacionais a população com menor tempo de escolaridade tem maior percentual de afetados pela doença, as causas também são multifatoriais, e se estendem desde a falta de conhecimento sobre a doença até as dificuldades financeiras em buscar cuidados especializados ou testes diagnósticos na rede privada. Os dados levantados pelo estudo acendem um alerta a sociedade civil e aos responsáveis pelo planejamento público de saúde, mostrando que as medidas tomadas até aqui não foram satisfatórias na prevenção do diabetes.
Referências
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