Resumo
A desmedicalização do parto tem sido amplamente discutida nas últimas décadas, impulsionada pelo interesse crescente em práticas que respeitem a fisiologia do nascimento e as escolhas das mulheres. Este artigo de revisão busca analisar de forma crítica as diferentes abordagens do parto natural, com ênfase em partos domiciliares e em casas de parto, em comparação ao parto hospitalar, tradicionalmente mais medicalizado. A partir de uma análise detalhada da literatura científica, são discutidos os benefícios e os desafios de cada modalidade, considerando a proposta de desmedicalização do parto como uma estratégia para melhorar os resultados maternos e neonatais. Estudos indicam que o parto natural, quando realizado em gestações de baixo risco e sob a supervisão de profissionais qualificados, pode resultar em menores taxas de intervenções obstétricas, como cesarianas e episiotomias, além de proporcionar maior satisfação materna. O ambiente domiciliar ou em casas de parto tende a favorecer uma experiência de parto mais autônoma e humanizada, associada a melhores desfechos psicológicos, como menor risco de depressão pós-parto e trauma relacionado ao nascimento. Em contrapartida, o parto hospitalar permanece fundamental para a segurança em situações de alto risco ou complicações inesperadas, oferecendo recursos imediatos para intervenções emergenciais. A revisão sugere que a desmedicalização do parto pode ser uma estratégia vantajosa para mulheres de baixo risco, desde que inserida em um contexto de suporte adequado e com sistemas de saúde preparados para transferências emergenciais. A escolha informada e respeitosa sobre o local de parto deve ser central no cuidado obstétrico, equilibrando os benefícios da tecnologia médica com o respeito à fisiologia do nascimento e à autonomia da mulher.
Referências
AN, Mi Young et al. A Study on the Perinatal Outcomes of Natural Childbirth Led by Midwives: A Retrospective Study. Journal of the Korean Society of Maternal and Child Health, v. 27, n. 1, p. 24-31, 2023.
APARECIDA BAGGIO, Maria; PAULA CONTIERO, Ana; REGINA SCHAPKO, Taís. Obstetric practices and childbirth care: a mixed method study. Saúde e Pesquisa, v. 17, n. 1, 2024.
DESHMUKH, Uma; DENOBLE, Annalies E.; SON, Moeun. Trial of labor after cesarean, vaginal birth after cesarean, and the risk of uterine rupture: an expert review. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 230, n. 3, p. S783-S803, 2024.
HERMATUTI, Hermatuti. The Impact of Continuous Labor Support on Cesarean Section Rates among Nulliparous Women: A Randomized Controlled Trial. Archives of The Medicine and Case Reports, v. 5, n. 4, p. 881-892, 2024.
KUIPERS, Yvonne J. The future of midwife-led continuity of care: Call for a dialogue. Dialogues in Health, v. 4, p. 100170, 2024.
KUKURA, Elizabeth. Better birth. Temp. L. Rev., v. 93, p. 243, 2020.
MAUADIE, Rejane Araújo et al. Discursive practices about the decisionmaking power of women in childbirth. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 26, p. e220103, 2022.
MUNYUZANGABO, Mariella et al. Delivering maternal and neonatal health interventions in conflict settings: a systematic review. BMJ global health, v. 5, n. Suppl 1, p. e003750, 2021.
MURRAY, Sarah et al. How does the use of continuous electronic fetal monitoring influence women’s experiences of labour? A systematic integrative review of the literature from high income countries. Women and Birth, v. 37, n. 4, p. 101619, 2024.
MEREDYK, Mayara da Rocha et al. MULTIDISCIPLINARY TEAM’S KNOWLEDGE, ATTITUDE AND PRACTICE IN PAIN MANAGEMENT IN A NEONATAL UNIT. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 33, p. e20240056, 2024.
MILLER, Yvette D. et al. Variations in outcomes for women admitted to hospital in early versus active labour: an observational study. BMC pregnancy and childbirth, v. 20, p. 1-10, 2020.
NING, Jiajie et al. Meta-analysis of association between caesarean section and postpartum depression risk. Frontiers in Psychiatry, v. 15, p. 1361604, 2024.
PAIXAO, Enny S. et al. Using the Robson classification to assess caesarean section rates in Brazil: an observational study of more than 24 million births from 2011 to 2017. BMC pregnancy and childbirth, v. 21, p. 1-8, 2021.
SANCHEZ-RAMOS, Luis et al. Methods for the induction of labor: efficacy and safety. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 230, n. 3, p. S669-S695, 2024.
SCHAFER, Robyn et al. Experience of decision-making for home breech birth: An interpretive description. SSM-Qualitative Research in Health, v. 5, p. 100397, 2024.
WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. WHO recommendations non-clinical interventions to reduce unnecessary caesarean sections. World Health Organization, 2018.
YOUSEFI-GHALEHROODKHANI, Fatemeh et al. Assessing Natural Childbirth Intention Based on the Theory of Planned Behavior and Social Support in Pregnant Women in Northern Iran. Journal of Holistic Nursing And Midwifery, v. 34, n. 1, p. 13-20, 2024.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Isabele Seidl, Bruna Furukawa, Hugo de Sousa Leal Neto, Robner Carlos Lopes Assunção , Laura Souza Juliano, Adriene Silva De Lima, Luana Lima da Silva, Maria Cecília de Toledo Coelho, Mohamad Jihad Omairi, Bernardo Coradi Burille, Bárbara Campos Martins , Pedro Henrique Rodrigues Ferreira