PREVENÇÃO DE OFTALMIA NEONATAL: ANÁLISE LITERÁRIA DO USO DE NITRATO DE PRATA E IODOPOVIDONA

Resumo

A oftalmia neonatal é uma infecção ocular capaz de afetar recém-nascidos, normalmente causada pela exposição periparto vaginal a agentes infecciosos como Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis ou Herpes simples vírus 1, por exemplo. Essa doença é mais prevalente em países em desenvolvimento, com alto índice de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), principalmente onde o acompanhamento pré-natal é deficiente. Todavia, a prevenção da oftalmia neonatal com o uso de colírios antimicrobianos reduziu abruptamente os quadros de conjuntivite e de evoluções graves, como a cegueira. Nesse cenário, tendo em vista os agravos relacionados à oftalmia neonatal, que traz prejuízos, por vezes irreparáveis, à saúde ocular neonatal, bem como sua facilidade de prevenção, justifica-se o presente estudo, que objetiva analisar o uso do nitrato de prata e da iodopovidona na prevenção da doença, avaliando os benefícios e riscos associados aos colírios e sua elegibilidade atualmente. Para isso, foi realizada a coleta de artigos originais e de revisão, em inglês, português e espanhol, publicados nos últimos 22 anos, nas principais bases bibliográficas, como SciELO, PubMed e Google Scholar, a fim de garantir maior confiabilidade aos dados. Percebeu-se que a prevenção com colírios antimicrobianos se mostrou fundamental para a redução de casos de oftalmia neonatal e de complicações graves, como a cegueira, desde a descoberta do nitrato de prata, que possuía ampla cobertura contra a Neisseria gonorrhoeae. No entanto, essa substância passou a apresentar efeitos adversos consideráveis, como a conjuntivite química, além de não se mostrar eficaz na cobertura dos outros patógenos envolvidos na gênese da doença, o que tornou necessária a busca por colírios alternativos. Nesse cenário, foi descoberta a iodopovidona, que atualmente é considerada a primeira escolha na prevenção de oftalmia neonatal, garantindo cobertura contra os demais patógenos causadores da conjuntivite, sendo mais acessível, de baixo custo, ampla disponibilidade e sem os efeitos adversos do nitrato de prata. Isso, além de confiar à iodopovidona uma maior eficácia e maior segurança de aplicação, possibilita uma maior abrangência populacional, permitindo que países de baixo e médio desenvolvimento, ou regiões de maior precariedade em saúde, consigam ter acesso não só às medidas preventivas, como à saúde ocular universal para a faixa etária pediátrica.