Resumo
O período da gestação é uma fase singular na vida da mulher, podendo ser vivenciado de maneiras distintas: como um momento de realização e alegria quando desejado, ou como uma experiência negativa e desconfortável quando não planejado. Historicamente, até o século XVII, o parto era uma experiência essencialmente feminina, com as parteiras possuindo o maior conhecimento sobre o processo. No entanto, a partir do século XVIII, o parto começou a ser influenciado por práticas médicas, introduzindo métodos dolorosos e perigosos, como a craniotomia, marcando o início da violência obstétrica. Esta forma de violência é definida como o tratamento abusivo ou desrespeitoso durante o parto e o período neonatal, incluindo procedimentos desnecessários, uso inadequado de medicações e comentários humilhantes dirigidos às pacientes. Além das consequências físicas, como lesões no canal de parto, a violência obstétrica pode causar sérios impactos psicológicos, incluindo transtornos mentais como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e depressão pós-parto. A pesquisa realizada, baseada em uma revisão de literatura integrativa de 16 artigos, confirma que a violência obstétrica afeta diretamente a saúde mental das puérperas. Os dados revelam que práticas desumanizantes e desrespeitosas não apenas prejudicam o bem-estar físico das mulheres, mas também deixam marcas emocionais duradouras, necessitando de uma abordagem mais humanizada e de suporte psicológico adequado para melhorar a experiência do parto e promover a saúde mental das mulheres.
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