Resumo
O trauma é a principal causa de morte em pessoas com menos de 35 anos, com o abdômen sendo afetado em uma parte significativa dos casos de ferimentos contusos. O tratamento não operatório (NOM) tem sido amplamente implementado em traumas abdominais contusos, mas a cirurgia ainda é necessária em situações de instabilidade hemodinâmica e outras indicações específicas. A laparotomia foi historicamente o padrão para esses casos, mas a laparoscopia tem se mostrado uma alternativa promissora, especialmente em pacientes estáveis, oferecendo menor morbidade e recuperação mais rápida. Apesar dos benefícios, sua adoção em traumas de emergência ainda é limitada, principalmente devido ao custo elevado e à necessidade de treinamento especializado. Este estudo comparou o manejo do trauma abdominal por laparotomia exploratória e técnicas minimamente invasivas, com foco nas principais diferenças e resultados clínicos. A metodologia incluiu uma revisão sistemática de estudos publicados nos últimos 10 anos nas bases PubMed e LILACS, abordando intervenções cirúrgicas em trauma abdominal. A análise considerou fatores como tempo operatório, complicações e recuperação. A laparotomia, amplamente utilizada para lesões graves, oferece acesso direto ao abdômen, mas está associada a maiores complicações pós-operatórias. Em contraste, técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia, mostram benefícios em casos selecionados, com menor morbidade e recuperação acelerada. Os resultados indicaram que, embora a laparoscopia seja eficaz em casos de trauma menos graves, sua taxa de conversão para laparotomia ainda é significativa, especialmente em casos complexos. A revisão mostrou que, para traumas graves, a laparotomia continua sendo a abordagem mais indicada. Nos casos analisados, a laparoscopia foi associada a menor tempo de internação e complicações, mas seu uso é limitado por fatores como custo e necessidade de habilidades especializadas. Além disso, o uso do abdômen aberto, uma técnica de controle de danos, foi eficaz em situações de trauma e condições não traumáticas graves, mas está associado a complicações, como infecções e "abdômen congelado", quando não fechado precocemente. Conclui-se que, embora as técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia, ofereçam vantagens em pacientes hemodinamicamente estáveis, a laparotomia exploratória permanece essencial em traumas abdominais mais graves. A seleção criteriosa dos pacientes e o uso adequado de cada técnica são fundamentais para otimizar os resultados cirúrgicos. Além disso, o manejo do abdômen aberto deve ser realizado com cautela, priorizando o fechamento precoce para minimizar complicações.
Referências
BUTLER et al. “Laparoscopy Compared With Laparotomy for the Management of Pediatric Blunt Abdominal Trauma.” The Journal of surgical research vol. 251 (2020): 303-310. doi:10.1016/j.jss.2020.01.030.
DHARAP, NORONHA, KUMAR. “Laparotomy for blunt abdominal trauma-some uncommon indications.” Journal of emergencies, trauma, and shock vol. 9,1 (2016): 32-6. doi:10.4103/0974-2700.173866.
GIACOMO et al. “Cesena guidelines: WSES consensus statement on laparoscopic-first approach to general surgery emergencies and abdominal trauma.” World journal of emergency surgery : WJES vol. 18,1 57. 8 Dec. 2023, doi:10.1186/s13017-023-00520-9.
JUSTIN; FINGERHUT; SELMAN URANUES. “Laparoscopy in Blunt Abdominal Trauma: for Whom? When?and Why?.” Current trauma reports vol. 3,1 (2017): 43-50. doi:10.1007/s40719-017-0076-0.
LEONARDI et al. “Predictive factors of mortality in damage control surgery for abdominal trauma.” Revista do Colegio Brasileiro de Cirurgioes vol. 49 e20223390. 2 Sep. 2022, doi:10.1590/0100-6991e-20223390-en.
LOFTUS J et al. “Emergent laparotomy and temporary abdominal closure for the cirrhotic patient.” The Journal of surgical research vol. 210 (2017): 108-114. doi:10.1016/j.jss.2016.11.013.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Filipe Flores Bicalho, Sávio Baldotto Covre, João Pedro Soeiro Pessoa, Gustavo Tony Bonatto, Gustavo Mattos de Almeida, Raphael Marchiori Ferreira, Diogo Durval Stange Zottele, Emelly Simões Carvalho, Gabriel Wernesbach Bregonci Trancoso, Aline Gaygher Pianissoli, Giulia Hungara Pereira, Thales Eduardo Rezende Coura