Resumo
Introdução: O aleitamento materno exclusivo é reconhecido por proporcionar benefícios significativos à saúde da criança e da mãe, como fortalecimento do sistema imunológico, redução da mortalidade infantil, e estreitamento do vínculo mãe-filho. Apesar das recomendações globais para amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida, o Brasil enfrenta grandes disparidades regionais nas taxas de aleitamento materno.Objetivo: Este estudo visa analisar as variações regionais na prevalência do aleitamento materno exclusivo em crianças menores de seis meses no Brasil, identificando os fatores que influenciam estas disparidades.Metodologia: Utilizamos uma abordagem de análise descritiva baseada em dados secundários coletados em 2023 pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde. A população do estudo incluiu crianças acompanhadas nos serviços de saúde de todo o território nacional, com os dados organizados por região geográfica.Resultados: Os resultados apontaram que a prevalência de aleitamento materno exclusivo foi mais alta no Norte (63%) e mais baixa no Nordeste (51%), com o Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentando prevalências de 60%, 56% e 55%, respectivamente. No total, 56% das crianças brasileiras foram amamentadas exclusivamente.Discussão: A discussão enfoca como as variações regionais podem ser atribuídas a diferenças culturais, socioeconômicas, e na eficácia de implementação de políticas públicas de saúde. Enquanto algumas regiões, como o Norte, demonstram uma adesão maior devido à preservação de práticas culturais e programas locais de incentivo, outras, como o Nordeste, enfrentam barreiras como pobreza e falta de acesso adequado a serviços de saúde, impactando negativamente as taxas de aleitamento.Conclusão: Este estudo destaca a necessidade de políticas de saúde mais personalizadas e sensíveis às especificidades regionais para promover o aleitamento materno exclusivo. A adaptação local dos programas de incentivo e a educação sobre os benefícios da amamentação são essenciais para reduzir as disparidades regionais e melhorar os desfechos de saúde infantil em todo o país.
Referências
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