Resumo
A eclâmpsia é uma complicação severa da pré-eclâmpsia caracterizada por convulsões em mulheres grávidas sem histórico de distúrbios convulsivos, ocorrendo geralmente após a 20ª semana de gestação e podendo persistir após o parto. É um estado crítico que afeta tanto a mãe quanto o feto, sendo mais comum em gestações múltiplas e mulheres com histórico de hipertensão ou doença renal. A eclâmpsia é uma causa significativa de mortalidade materna mundialmente, incluindo no Brasil, onde variações na prevalência refletem disparidades no acesso à saúde e qualidade do atendimento pré-natal. O objetivo deste estudo é analisar os óbitos por eclâmpsia em mulheres brasileiras entre 2019 e 2021, buscando identificar padrões geográficos, fatores de risco prevalentes e relações com outras comorbidades para orientar políticas públicas e estratégias de prevenção. Foi realizada uma análise epidemiológica quantitativa e retrospectiva com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), usando o software Microsoft Excel 2019 para manipular e analisar variáveis demográficas e clínicas. A pesquisa utilizou dados secundários de domínio público, não requerendo submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. O estudo revelou que entre 2019 e 2021 houve uma flutuação nos óbitos por eclâmpsia no Brasil, com maior incidência na região Nordeste e entre mulheres na faixa etária de 30 a 34 anos. Etnias com maior número de óbitos incluíram mulheres pardas e amarelas, e a maior parte dos óbitos ocorreu em hospitais. A discussão nos estudos destacou que a eclâmpsia é uma condição com complexa fisiopatologia envolvendo disfunção endotelial e vasoconstrição devido à hipertensão. Os fatores de risco como idade materna avançada, obesidade, e fatores socioeconômicos como baixo nível educacional são significativos. A necessidade de uma abordagem preventiva e de melhorias no sistema de saúde para reduzir a mortalidade por eclâmpsia foi enfatizada. Este estudo sublinha a importância de políticas públicas eficazes e campanhas educacionais para melhorar o reconhecimento e o tratamento da pré-eclâmpsia e eclâmpsia. A colaboração entre diferentes setores é crucial para mitigar os riscos e melhorar os desfechos de saúde materna, promovendo maior equidade no acesso a recursos de saúde essenciais e uma abordagem multidimensional que considere as especificidades socioculturais das mulheres afetadas.
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