Resumo
Introdução: A violência sexual contra crianças e adolescentes é definida pela exposição da vítima a atos sexuais que ela não tem capacidade para compreender ou consentir e para os quais não está adequadamente preparada, sendo cometida por uma figura de autoridade. O setor de saúde frequentemente atua como a porta de entrada para vítimas que procuram ajuda quando as lesões decorrentes de qualquer tipo de violência tornam isso necessário. Diante da relevância do tema no contexto da saúde pública, esse estudo tem como objetivo analisar a epidemiologia da violência sexual infantojuvenil no estado de Alagoas. Metodologia: O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa epidemiológica analítica do tipo transversal, utilizando dados secundários relacionados à incidência de violência sexual contra crianças e adolescentes. Baseia-se na análise das notificações registradas pelo Ministério da Saúde do Brasil no período de 2019 a 2023, especificamente para o estado de Alagoas, provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: os resultados apresentados revelam um cenário preocupante de violência sexual contra crianças e adolescentes em Alagoas, que demanda uma resposta urgente. É essencial que as políticas públicas não apenas ampliem a proteção e os direitos já garantidos pela legislação, mas também sejam eficazes na prevenção e no combate a todas as formas de violência sexual, com especial atenção às que ocorrem no ambiente familiar e que afetam principalmente meninas e adolescentes, que se mostram mais vulneráveis segundo os dados analisados. Considerações finais: No estado de Alagoas, a apresentação dos dados sobre violência sexual contra crianças e adolescentes é essencial para entender a magnitude e a especificidade do problema na região. A visibilidade dos dados também é importante para fomentar um debate público informado, incentivar a denúncia de casos e apoiar a implementação de políticas públicas que protejam as crianças e adolescentes. Assim, o enfrentamento da violência sexual passa a ser uma prioridade coletiva, integrando diversos setores da sociedade em uma resposta coordenada e eficaz.
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