Convulsão febris em crianças: aspectos clínicos e diagnósticos
PDF

Palavras-chave

Convulsões Febris
Características Clínicas
Diagnóstico

Como Citar

MAGANHIN LUQUETTI, C., Luana Gabler da Costa, A., de Souza da Silva, C., da Costa Neto, J. T., Miozzo Cenci, F., Humberto Teixeira, J., Rodrigues Rossatto, B., Queiroz Corse, C., de Brito Pontes, D., Henrique Rodrigues Cavalcanti, M., Medina Coimbra, C. J., Ferreira da Costa Barros, C. E., & Assunção de Andrade Lima Júnior, E. (2024). Convulsão febris em crianças: aspectos clínicos e diagnósticos. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(8), 2095–2106. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n8p2095-2106

Resumo

Introdução: Convulsão febril é distúrbio neurológico comum e dependente da idade, em 2 a 4% de crianças menores de cinco anos.  São convulsões do tipo simples, generalizadas, menores de 15 minutos e não se repetem em 24 horas. Embora em 33% dos casos possam recorrer na primeira infância, possuem origem benigna e estão associadas a um risco futuro de epilepsia apenas ligeiramente superior à população em geral. Aquelas febris do tipo focais, prolongadas ou múltiplas nas primeiras 24 horas são definidas como complexas, com maior recorrência e heterogeneidade de condições associadas. Objetivo: discutir fatores de risco, quadro clínico e diagnóstico das convulsões febris. Metodologia: Revisão de literatura integrativa a partir de bases de dados da Scielo, da PubMed e da BVS, de janeiro a abril de 2024, com descritores “febrile seizures”, “clinical features”, e “evaluation”, cadastrados no DeCS/MeSH e operador “AND”. Incluíram-se artigos de 2019-2024 (total 96), com exclusão de outros critérios e escolha de 05 artigos na íntegra. Resultados e Discussão: A convulsão febril tem pico de incidência entre 12 e 18 meses de idade. Há ligeira predominância masculina, com relação estimada de 1,6:1. Além da idade, os fatores de risco mais comuns incluem febre alta, infecção viral, imunização recente (após tríplice e tetraviral) e histórico familiar de convulsões febris. A maioria apresenta convulsão febril no primeiro dia da doença e, em alguns casos, como primeiro sintoma. Duram menos de 15 minutos, sem características focais, uma em 24 horas. Caracterizam-se como crises tônico-clônicas generalizadas, mas também podem ser de caráter atônico ou tônico. A convulsão febril complexa diferencia-se por episódios com mais de 15 minutos, focais ou paresia pós-ictal e recorrência em 24 horas. O diagnóstico diferencial de convulsão febril deve sempre considerar infecção do SNC (meningite/encefalite). As convulsões febris são diagnóstico clínico. Em crianças com história típica e exame tranquilizador e não focal, os testes diagnósticos são desnecessários. Podem ser realizados punção lombar e exames laboratoriais, neuroimagem e eletroencefalografia (EEG), se suspeita de meningite ou infecção intracraniana. Deve-se considerar, portanto, convulsão febril: convulsão com temperatura > 38ºc; idade entre 6 meses a 5 anos; ausência de infecção de SNC; ausência de anormalidade metabólica sistêmica aguda; sem histórico de convulsão afebril anterior. Conclusão: Convulsão febril é comum na primeira infância, desde que ocorra com febre, sem evidência de infecção intracraniana ou causa definida. Não é considerada uma forma de epilepsia, o que é caracterizado por convulsões não febris recorrentes.

https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n8p2095-2106
PDF

Referências

Kellaway P, Hrachovy RA. Status epilepticus em recém-nascidos: Uma perspectiva sobre convulsões neonatais. Em: Advances in Neurology, vol 34: Status Epilepticus, Delgado-Escueta AV, Wasterlain CG, Treiman DM, Porter RJ (Eds), Raven Press, Nova York 1983. p.93.

Lanska MJ, Lanska DJ, Baumann RJ, Kryscio RJ. Um estudo populacional de convulsões neonatais no Condado de Fayette, Kentucky. Neurology 1995; 45:724.

Ronen GM, Penney S, Andrews W. A epidemiologia das convulsões neonatais clínicas em Newfoundland: um estudo de base populacional. J Pediatr 1999; 134:71.

Saliba RM, Annegers JF, Waller DK, et al. Incidência de convulsões neonatais no Condado de Harris, Texas, 1992-1994. Am J Epidemiol 1999; 150:763.

Vasudevan C, Levene M. Epidemiologia e etiologia de convulsões neonatais. Semin Fetal Neonatal Med 2013; 18:185.

MILLICHAP JG. Studies in febrile seizures. I. Height of body temperature as a measure of the febrile-seizure threshold. Pediatrics 1959; 23:76.

Hesdorffer DC, Benn EK, Bagiella E, et al. Distribution of febrile seizure duration and associations with development. Ann Neurol 2011; 70:93.

Oluwabusi T, Sood SK. Update on the management of simple febrile seizures: emphasis on minimal intervention. Curr Opin Pediatr 2012; 24:259.

Thoman JE, Duffner PK, Shucard JL. Do serum sodium levels predict febrile seizure recurrence within 24 hours? Pediatr Neurol 2004; 31:342.

Subcommittee on Febrile Seizures, American Academy of Pediatrics. Neurodiagnostic evaluation of the child with a simple febrile seizure. Pediatrics 2011; 127:389.

MILLICHAP JG, MADSEN JA, ALEDORT LM. Studies in febrile seizures. V. Clinical and electroencephalographic study in unselected patients. Neurology 1960; 10:643.

Sadleir LG, Scheffer IE. Febrile seizures. BMJ 2007; 334:307.

Practice parameter: long-term treatment of the child with simple febrile seizures. American Academy of Pediatrics. Committee on Quality Improvement, Subcommittee on Febrile Seizures. Pediatrics 1999; 103:1307.

Shinnar S, Bello JA, Chan S, et al. MRI abnormalities following febrile status epilepticus in children: the FEBSTAT study. Neurology 2012; 79:871.

Nordli DR Jr, Moshé SL, Shinnar S, et al. Acute EEG findings in children with febrile status epilepticus: results of the FEBSTAT study. Neurology 2012; 79:2180.

Green SM, Rothrock SG, Clem KJ, et al. Can seizures be the sole manifestation of meningitis in febrile children? Pediatrics 1993; 92:527.

Haeusler GM, Tebruegge M, Curtis N. Question 1. Do febrile convulsions cause CSF pleocytosis? Arch Dis Child 2012; 97:172.

Carroll W, Brookfield D. Lumbar puncture following febrile convulsion. Arch Dis Child 2002; 87:238.

Kimia AA, Ben-Joseph E, Prabhu S, et al. Yield of emergent neuroimaging among children presenting with a first complex febrile seizure. Pediatr Emerg Care 2012; 28:316.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 CAMILLA MAGANHIN LUQUETTI, Adria Luana Gabler da Costa, Caroline de Souza da Silva, José Teobaldo da Costa Neto, Flavia Miozzo Cenci, José Humberto Teixeira, Beatriz Rodrigues Rossatto, Caroline Queiroz Corse, Daniel de Brito Pontes, Mário Henrique Rodrigues Cavalcanti, Cláudia Janaína Medina Coimbra, Carlos Eduardo Ferreira da Costa Barros, Elson Assunção de Andrade Lima Júnior

Downloads

Não há dados estatísticos.