Traumatismo Cranioencefálico Abusivo
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Palavras-chave

Síndrome do Bebê Sacudido
Traumatismo Cranioencefálico Abusivo
Violência pediátrica
Neurologia

Como Citar

de Moura Fernandes, J. P., Carvalho Pereira, L. F., Oliveira Véras, R. F., Soares de Oliveira , D. K., Soares de Santana, M., Arraes Peixoto Saraiva, R., Ribeiro de Alencar, F. C., & Leite de Figueiredo, P. R. (2024). Traumatismo Cranioencefálico Abusivo: uma revisão de literatura sobre a Síndrome do Bebê Sacudido (SBS). Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(6), 2013–2035. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n6p2013-2035

Resumo

A Síndrome do Bebê Sacudido (SBS), ou Traumatismo Cranioencefálico Abusivo Pediátrico (TCV), é uma consequência da prática recorrente de abuso pediátrico, aspecto social predominante em países em desenvolvimento. Nesse sentido, o presente trabalho analisou a respectiva síndrome, haja vista a recorrência de casos de violência infantil no contexto global com possíveis implicações patológicas, apresentando características relativas à sua epidemiologia, à fisiopatologia, aos aspectos clínicos, às abordagens diagnósticas e às possibilidades terapêuticas. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados Public Medline (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar com a utilização de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e (MeSH) referentes ao imbróglio, além da literatura cinzenta, no período de 20 anos. Epidemiologicamente, nota-se que os mais acometidos são crianças com idade entre 0 e 5 anos e residentes de países subdesenvolvidos. Quanto às origens sindrômicas, enfatiza-se que essa é resultado direto de movimentos bruscos característicos de algum tipo de violência física sofrida pela criança. Nesse quesito, geralmente, ocorre o rompimento de veias devido à compressão originada da força do impacto, o que gera hematomas e eleva a Pressão Intracraniana (PIC). Dentre os achados clínicos mais frequentes, destaca-se a presença de edemas cerebrais, hemorragias subdurais e hemorragias retinianas. Como alternativas diagnósticas, é necessário aliar tanto exames laboratoriais, quanto exames de imagem, a exemplo de Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM). No que diz respeito às opções terapêuticas, é mister a manutenção das vias respiratórias com imobilização para prevenção de complicações, a aferição recorrente da PIC e, em casos mais severos, procedimentos cirúrgicos, por exemplo craniotomia. Por fim, concluiu-se que os maus-tratos para com as crianças representam aspecto intrínseco ao surgimento de casos da Síndrome do Bebê Sacudido, sendo associada às disparidades socioeconômicas. Contudo, com a inserção e união de diferentes exames é possível proceder rapidamente com uma conduta terapêutica assertiva, garantindo, assim, uma maior taxa de recuperação.

https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n6p2013-2035
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