Perspectivas atuais da neurossífilis: bases patogênicas, diagnósticas e terapêuticas
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Palavras-chave

neurossífilis; patogênese; diagnóstico; tratamento

Como Citar

Alexandre Caixeta, M., Vytor Cardoso Nobre, P., Cantarelli Correia da Silva Filho, M., Araújo de Melo Tenorio de Souza, K., Alice Lima de Santana , M., Paula Barbosa Casado, A., Luisa Vieira Cuyabano Leite, M., Leite Cerqueira, G., Carolina Maia Araújo, A., Rodrigues Pacífico Chagas, L., Flávio Anacleto Segundo , J., de Souza Vieira Neto , J., & Lisboa Araújo , K. (2024). Perspectivas atuais da neurossífilis: bases patogênicas, diagnósticas e terapêuticas . Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(5), 428–439. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n5p428-439

Resumo

Introdução: A neurossífilis (NS) é uma manifestação grave e tardia da infecção pelo Treponema pallidum, a bactéria causadora da sífilis, que afeta o sistema nervoso central. Esta condição resulta da disseminação hematogênica do patógeno para o sistema nervoso, causando uma variedade de sintomas neurológicos. Objetivo: Avaliar a patogênese, o diagnóstico e o manejo da neurossífilis. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica que incluiu artigos originais e revisões sistemáticas em inglês e português, que abordaram os aspectos patogênicos, diagnósticos e terapêuticos da neurossífilis, publicados entre 2014 e 2024, selecionados nas bases de dados PubMed, Scopus e SciELO. Após a seleção criteriosa, foram escolhidos 28 artigos para compor esta revisão bibliográfica. Resultados: O T. pallidum apresenta uma condição de evasão imunológica complexa. A patogênese da NS envolve complexas interações bioquímicas, incluindo a regulação do sistema de variação antigênica, desequilíbrios entre metaloproteinases. O diagnóstico inclui os testes VDRL e TPPA, contudo, há desafios associados aos testes. O manejo do quadro apresenta a penicilina G benzatina como primeira escolha, além disso, outros antibióticos podem ser utilizados, como a doxiciclina e a ceftriaxona. Considerações: A NS apresenta uma patogênese ampla e complexa, e inclui múltiplos mecanismos de evasão imunológicas associados. Devido à dificuldade da identificação direta do patógeno, o diagnóstico está associado à identificação de anticorpos. O manejo inclui a antibioticoterapia, sendo necessário a vigilância clínica cuidadosa e estratégias individualizadas para evitar possíveis reações adversas e garantir o melhor manejo possível desta condição complexa e multifacetada.

https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n5p428-439
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Copyright (c) 2024 Mauro Alexandre Caixeta, Paulo Vytor Cardoso Nobre, Marcelo Cantarelli Correia da Silva Filho, Karina Araújo de Melo Tenorio de Souza, Maria Alice Lima de Santana , Ana Paula Barbosa Casado, Maria Luisa Vieira Cuyabano Leite, Guilherme Leite Cerqueira, Ana Carolina Maia Araújo, Lucas Rodrigues Pacífico Chagas, José Flávio Anacleto Segundo , José de Souza Vieira Neto , Kaique Lisboa Araújo