Resumo
A candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR) é uma condição que afeta a saúde íntima de muitas mulheres e pode ter um impacto significativo em sua qualidade de vida. É uma infecção da mucosa extremamente comum do trato genital feminino, causada principalmente pelo fungo oportunista chamado Candida albicans que habital naturalmente na flora vaginal e eventualmente pode produzir uma proliferação excessiva, causando um desequilíbrio nessa flora e assim surgem os sintomas.(Willems et al., 2020)
A CVVR é definida como quatro ou mais episódios da infecção a cada ano mulheres que enfrentam a candidíase vulvovaginal recorrente vivenciam episódios frequentes e repetidos da infecção, sob uma variedade de circunstâncias, mas em muitos casos envolvendo uma diminuição transitória na imunidade local, vaginal C. albicans prolifera e sofre uma mudança morfogenética de um organismo leveduriforme para um que podem ser acompanhados por sintomas incômodos, como coceira intensa, vermelhidão, inchaço, dor durante a relação sexual e corrimento vaginal anormal. Esses sintomas podem persistir por longos períodos de tempo, intercalados por breves intervalos sem sintomas, o que pode levar à frustração e ao desconforto contínuo.(Denning et al., 2018; Fukazawa et al., 2019). Estima-se que cerca de 75% das mulheres terão pelo menos um
episódio de infecção sintomática por cândida durante a vida. Na maioria dessas mulheres afetadas, o tratamento de curta duração com qualquer um dos vários agentes antifúngicos é suficiente para reduzir o nível desse organismo a uma concentração sob a qual a imunidade do hospedeiro pode novamente prevenir sua proliferação e sintomas que são melhorados. No entanto, em cerca de 5% das mulheres, um episódio sintomático de cândida leva à sua recorrência frequente. Além dos sintomas físicos, a candidíase vulvovaginal recorrente também pode impactar a saúde emocional e psicológica das mulheres. O desconforto crônico e a preocupação constante com os episódios recorrentes podem gerar estresse, ansiedade e até mesmo baixa autoestima. A interferência nas atividades diárias, como o trabalho, a prática de exercícios físicos e as relações íntimas, pode afetar negativamente a qualidade de vida das mulheres que sofrem com essa condição.
Entendendo que muitas vezes o quadro são pouco valorizados pelos médicos ginecologistas assistentes e levando em consideração que a candidíase vulvovaginal recorrente não é apenas uma questão física, mas também um desafio emocional para as mulheres, embora não seja letal, sua alta incidência global e profundo impacto negativo na qualidade de vida requerem uma compreensão mais aprofundada e um suporte adequado, acolhimento e orientação médica são essenciais para o tratamento eficaz e o manejo dessa condição. Elaboramos essa revisão visando dimensionar o tamanho do impacto que esses quadros podem causar.
Referências
Referências
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