Resumo
A Doença de Alzheimer (DA) é uma das principais causas de demência em todo o mundo, prejudicando a vida de milhões de pessoas. Até recentemente, os métodos de diagnóstico da DA dependiam principalmente da avaliação clínica, testes neuropsicológicos e neuroimagem, que muitas vezes só eram capazes de detectar a doença em estágios avançados, quando as mudanças no cérebro já eram significativas e irreversíveis. Nesse contexto, surgem os biomarcadores sanguíneos, moléculas presentes no sangue que refletem processos fisiológicos e patológicos, sendo amplamente utilizados no diagnóstico, avaliação e estadiamento de diversas doenças. Com isso, este trabalho tem como objetivo avaliar o potencial dos biomarcadores sanguíneos no diagnóstico precoce da DA. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura com busca nas bases de dados científicas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed, utilizando os seguintes descritores: "Doença de Alzheimer", "Biomarcadores" e “Diagnóstico Precoce", em conjunto com operador booleano “AND”. Para delimitar melhor a busca, foram adicionados filtros à pesquisa para exibir apenas estudos clínicos completos, publicados nos últimos 5 anos, em língua portuguesa, inglesa e espanhola, para máxima confiabilidade. Ao fim da pesquisa, foram escolhidos 13 artigos para comporem a amostra deste estudo. Os resultados mostraram que diversos biomarcadores, com destaque para proteínas amiloides, TAU e NFL estão associadas com comprometimento cognitivo, neurodegeneração e progressão da DA, especialmente quando avaliados juntamente com fatores de risco já conhecidos, demonstrando bom potencial para uso no diagnóstico precoce da DA, também com boa precisão. Mais estudos são necessários para o desenvolvimento de protocolos de diagnóstico precoce, além de avaliar a viabilidade da criação de programas amplos de rastreio da DA com base em biomarcadores séricos.
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