Resumo
INTRODUÇÃO: A pneumonia é uma das principais causas de morbidade e mortalidade pediátrica em todo o mundo, representando um desafio significativo para os sistemas de saúde, especialmente em países em desenvolvimento. No Brasil, a pneumonia é uma preocupação particular devido à sua alta incidência e impacto desproporcional em crianças. A compreensão dos padrões epidemiológicos é crucial para orientar políticas de saúde pública e intervenções direcionadas que visam reduzir a carga da doença e melhorar os resultados de saúde das crianças brasileiras. OBJETIVO: Determinar o perfil epidemiológico dos óbitos por Pneumonia em faixa etária pediátrica no Brasil de 2019 a 2023. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, com abordagem quantitativa, a partir dos dados obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), realizado mediante dados sobre óbitos pediátricos por Pneumonia, no Brasil, entre os anos de 2019 a 2023, utilizando as variáveis: região, faixa etária, incidência por ano, sexo e raça. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos 5.696 óbitos analisados a 51,9% (2.958) pertencem ao sexo masculino e 48,1% (2.738) ao sexo feminino. Dentre as regiões, a Nordeste foi a mais afetada com 1.674 óbitos (29,3%), seguida pela região Sudeste 26,3% (1.496) e Norte 24,4% (1.392), região Sul 10,7% (611),a região com menor incidência foi a Centro-Oeste 9,2% (523). A faixa etária analisada foi entre menores de 1 ano e 14 anos, os indivíduos menores de 1 ano foram os mais afetados, representando 45,7% (2.606) dos óbitos, o que é explicado pela vulnerabilidade dessa população devido à imaturidade do sistema imunológico e exposição precoce a fatores de risco ambientais, enquanto a faixa etária entre 5 e 9 anos obteve a menor prevalência, com 11,3% (643). Em relação à raça, os individuos pardos foram mais acomeditos 49,1% (2.795), seguidos pelos brancos com 20,8% (1.187) e a cor preta obteve o menor número de óbitos 2,8% (164). O ano 2022 foi registrado 1470 (25,8%) óbitos, observou-se uma redução nos anos de 2020 (734) e 2021 (742), em relação ao ano de 2019 (1.317), fato explicado pela subnotificação durante a pandemia de COVID-19. Tais achados refletem as discrepâncias regionais desigualdades estruturais, como acesso diferenciado a serviços de saúde, infraestrutura sanitária precária e condições socioeconômicas desfavoráveis, que podem impactar diretamente na incidência e desfecho. Além disso, as diferenças na suscetibilidade a infecções respiratórias e acesso desigual aos cuidados de saúde, explica o sexo masculino e a cor parda serem mais acometidas. CONCLUSÃO: Constatou-se uma predominância de óbitos entre crianças do sexo masculino, com a região Nordeste sendo a mais afetada. A faixa etária mais vulnerável foi a de menores de um ano, e indivíduos pardos representaram a maioria dos casos, o ano de 2022 ocorreu o maior número de óbitos. Esses padrões refletem uma interação de fatores biológicos, sociais e ambientais, incluindo diferenças na suscetibilidade, acesso desigual aos cuidados de saúde e condições socioeconômicas. A compreensão dessas dinâmicas é crucial para o desenvolvimento de intervenções eficazes, como a criação de um protocolo de atendimento nacional e, assim ter medidas equitativas para prevenir e controlar a pneumonia pediátrica no país.
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