Resumo
Introdução: A Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), também conhecida como Doença de Willis-Ekbom, é uma desordem neurológica crônica caracterizada por sensações desagradáveis e irresistíveis nas pernas, geralmente durante períodos de repouso ou inatividade, que resultam em um desejo incontrolável de movimentar os membros afetados. Objetivo: Avaliar as bases fisiopatológicas e terapêuticas associadas à síndrome das pernas inquietas. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica que incluiu artigos originais e revisões sistemáticas em inglês e português, que abordaram aspectos fisiopatológicos e manejo da SIP, publicados entre 2014 e 2024, selecionados nas bases de dados PubMed, Scopus e SciELO. Após a seleção criteriosa, foram escolhidos 19 artigos para compor esta revisão bibliográfica. Resultados: O quadro apresenta um padrão fisiopatológico amplo, com diversos aspectos relevantes, incluindo características genéticas, como o padrão dominante e a interação em loci específicos. Além de aspectos ambientais, como a desregulação do sistema dopaminérgico, que corrobora para a sintomatologia do quadro, como também o déficit de ferro periférico e cerebral, sendo considerado um fator biológico-chave na SPI. O manejo da SPI é diverso e envolve intervenções não farmacológicas, como massagem e prática de caminhada, podem complementar a terapia medicamentosa. A escolha do tratamento farmacológico é individualizado e utiliza agonistas dopaminérgicos, ligantes alfa-2-delta, entre outros fármacos. Ademais, outras medidas podem contribuir com a terapêutica do quadro, como a reposição de ferro. Considerações: A SPI é um distúrbio complexo, cuja fisiopatologia ainda não está completamente esclarecida. Dentre os múltiplos fatores, destacam-se a contribuição genética, a deficiência de ferro periférico e cerebral e a desregulação dopaminérgica. O tratamento da SPI envolve intervenções farmacológicas e não farmacológicas. A escolha do tratamento farmacológico é baseada na eficácia em tratar os sintomas primários e as comorbidades associadas.
Referências
Akçimen F, Sarayloo F, Liao C, et al. Transcriptome-wide association study for restless legs syndrome identifies new susceptibility genes. Commun Biol. 2020;3:373.
Allen RP. Restless Legs Syndrome/Willis-Ekbom Disease Pathophysiology. Sleep Med Clin. 2015;10(3):207–xi.
Bonakis A, Androutsou A, Koloutsou M, et al. Restless legs syndrome masquerading as chronic insomnia. Sleep Med. 2020;75:106–11.
Buchfuhrer M, Baker F, Singh H, et al. Non-invasive neuromodulation reduces restless legs syndrome symptoms. J Clin Sleep Med. 2021;17:1685–94.
Estiar M, Senkevich K, Yu E, et al. Lack of causal effects or genetic correlation between restless legs syndrome and Parkinson’s disease. Mov Disord. 2021;36:1967–72.
Earley CJ, Connor J, Garcia-Borreguero D, Jenner P, Winkelman J, Zee PC, et al. Altered brain iron homeostasis and dopaminergic function in restless legs syndrome (WillisEkbom disease) Sleep Med. 2014;15(11):1288–301.
Ferré S, García-Borreguero D, Allen R, et al. New insights into the neurobiology of restless legs syndrome. Neuroscientist. 2019;25:113–25.
Gossard T, Trotti L, Videnovic A, et al. Restless legs syndrome: contemporary diagnosis and treatment. Neurotherapeutics. 2021;18:140–55.
Kocar T, Müller H, Kassubek J. Differential functional connectivity in thalamic and dopaminergic pathways in restless legs syndrome: A meta-analysis. Adv Neurol Disord. 2020;13:1756286420941670.
Lai Y, Hsieh K, Cheng Y, et al. Striatal histamine mechanism in the pathogenesis of restless legs syndrome. Sleep. 2020;43:zsz223.
Lammers N, Curry-Hyde A, Smith A, et al. Are serum ferritin and transferrin saturation markers of restless legs syndrome risk in young adults? Longitudinal and cross-sectional data from the Western Australian Pregnancy Cohort (Raine) Study. J Sleep Res. 2019;28:e12741.
Liu Z, Guan R, Pan L. Exploration of restless legs syndrome under the new concept: A review. Medicine (Baltimore). 2022 Dec 16;101(50):e32324.
Pennestri M, Petit D, Paquet J, et al. Restless legs syndrome in childhood: A longitudinal prevalence and familial aggregation study. J Sleep Res. 2021;30:e13161.
Romero-Peralta S, Cano-Pumarega I, García-Borreguero D. Emerging concepts of restless legs syndrome pathophysiology and adverse outcomes. Chest. 2020;158:1218–29.
Türkoglu S, Bolac E, Yildiz S, et al. Presynaptic inhibition in restless legs syndrome. Int J Neurosci. 2021;131:213–9.
Wang B, Wei W. Progress in research on single nucleotide polymorphisms of restless legs syndrome risk genes. Chin J Neurol. 2021;54:1187–93.
Weiss H. Safety of dopamine agonists in the treatment of restless legs syndrome. Mov Disord. 2019;34:150.
Wijemanne S, Ondo W. Restless legs syndrome: clinical features, diagnosis and a practical approach to management. Pract Neurol. 2017;17:444–452.
Winkelman JW, Armstrong MJ, Allen RP, Chaudhuri KR, Ondo W, Trenkwalder C, et al. Practice guidelines summary: Treatment of restless legs syndrome in adults. Neurology. 2016 Aug 2;87:1-9. doi: 10.1212/WNL.0000000000003388.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Paulo Vytor Cardoso Nobre, Pedro Henrique Costa de Oliveira, José César De Oliveira Cerqueira , Vinicius Cerqueira de Barros Silveira, Maria Eduarda do Amaral Silva Vasconcelos, Natália Calazans de Souza, Josivaldo de Araújo Alves Júnior , Rafael Cerqueira de Barros Silveira , Matheus Gringo Silva Santos , Igor Ribeiro Freire, Guilherme Henrique do Nascimento Silva, Igor Macedo Ferreira