A Escola e a Epidemia Silenciosa da Psicopatologização e da Medicalização
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Palavras-chave

Psicopatologização
Patologização
Medicalização
Educação
Saúde mental

Como Citar

Rozeira, C. H. B., Vicente , A. C. D., Maette , C. C., Pinheiro, C. A. A., Zanon , D. da S., Queiroz, E. de F., Pacheco, E. B., D’Elia , G. F. B., Souza , I. C. V. F. de, Ferreira, J. P. G., Oliveira, J. de, Santos, J. H. V. dos, Silva, M. F. da, Oliveira , R. da S. de, & Mozer, V. L. (2024). A Escola e a Epidemia Silenciosa da Psicopatologização e da Medicalização. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(3), 2056–2076. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n3p2056-2076

Resumo

No caminho da educação, uma sombra silenciosa se insinua pelos corredores das escolas, transformando desafios cotidianos em diagnósticos clínicos. É o espectro da psicopatologização na educação, em que comportamentos são rotulados, sintomas são medicalizados, e a singularidade dos alunos se perde na busca por uma normalidade ilusória. O simples ato de ser diferente, de desafiar o status quo, é suficiente para ser etiquetado como anormalidade, alimentando uma indústria próspera de medicamentos que busca corrigir o que não é necessariamente errado. A raiz desse fenômeno pode ser rastreada até os resquícios da Segunda Guerra Mundial, quando a revolução terapêutica abriu portas para a medicalização da vida, transformando problemas sociais em questões de saúde. Desde então, os ideais higienistas se entranharam na educação, moldando uma cultura de diagnóstico excessivo e intervenções farmacológicas que obscurecem a verdadeira natureza dos desafios enfrentados pelos alunos. Mas quem se beneficia desse processo? Certamente não são os alunos, cuja diversidade e singularidade são suprimidas sob o peso de rótulos e prescrições. Não são os professores, sobrecarregados com a responsabilidade de lidar com problemas complexos através de soluções simplistas. São, talvez, os interesses comerciais que lucram com a transformação da educação em um mercado para medicamentos, onde cada fracasso escolar se converte em uma oportunidade de negócio. No entanto, há esperança. Reconhecer a psicopatologização na educação é o primeiro passo para desfazer suas amarras. É entender que problemas escolares não são simplesmente problemas médicos, mas sim manifestações de injustiças sociais, pressões acadêmicas e falta de apoio emocional. É abraçar uma abordagem holística e colaborativa, em que cada aluno é visto como um ser único, com necessidades e potenciais distintos. Assim, o objetivo deste artigo constitui em explorar criticamente os fenômenos da psicopatologização e da medicalização na educação contemporânea, fornecendo uma análise dos conceitos, contextos históricos e implicações práticas desses processos.

https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n3p2056-2076
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