Os desafios da Anestesiologia frente ao manejo dos pacientes usuários de drogas ilícitas
PDF

Palavras-chave

Anestesiologia
Drogas Ilícitas
Assistência Perioperatória

Como Citar

Simões de Castro, G., Lima, A. B. L., Rocha, G. A., Pedro, L. M., & Franco, D. C. Z. (2024). Os desafios da Anestesiologia frente ao manejo dos pacientes usuários de drogas ilícitas . Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(3), 2748–2759. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n3p2748-2759

Resumo

Introdução: O uso de drogas ilícitas, cada vez mais presente na atualidade, influencia diretamente na administração de anestésicos, sejam eles locais ou gerais, em cirurgias eletivas ou em caráter de urgência. A análise pré-operatória das condições clínicas do paciente é essencial para que seja traçada uma boa conduta anestésica, uma vez que usuários crônicos de drogas como maconha, cocaína, crack, ecstasy e heroína estão mais susceptíveis a efeitos adversos do anestésico, levando a um prognóstico operatório e pós-operatório ruim. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é o de analisar a literatura acerca do tema. Metodologia: Foi usada uma metodologia qualitativa, sem procura por dados quantitativos. Resultados e Discussão: Quanto aos resultados, aqueles que são usuários de maconha apresentaram maior resistência a anestésicos inalatórios e gerais, necessitando maiores posologias; no que diz respeito ao uso de cocaína e crack, anestesias locais podem ocasionar reações de toxicidade, devido ao efeito aditivo que essas drogas trazem à interação medicamentosa; aqueles que são usuários de ecstasy também apresentam risco de efeitos adversos, como lesão hepática, aumento da pressão arterial, hipertermia, convulsões e acidentes vasculares encefálicos (AVEs), sendo necessária a aplicação de um bloqueador neuromuscular junto à anestesia; quanto à heroína, por ela ser um opióide, anestésicos antagonistas dessa classe são a melhor opção, para evitar reações prejudiciais ao paciente. Conclusão: Logo, cabe à equipe cirúrgica, em casos eletivos, analisar a história do paciente para determinar boas condutas operatórias e, em situações de urgência, é responsabilidade do anestesista o cálculo das possíveis dosagens e interações dos anestésicos com o sistema do paciente, ainda que seja de difícil precisão.

https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n3p2748-2759
PDF

Referências

- Beaulieu P. Anesthetic implications of recreational drug use. J Can Anesth. 2017; 64:1236–1264.

- Carlini EA. The history of marihuana in Brazil. J Bras Psiquiatr. 2006; 55(4): 314-317.

- Corrêa CH, Oliveira LSG, Assis JEA, Barros RTC. Anesthesia in patients who are users of crack and cocaine. Rev Med Minas Gerais. 2014; 24 (Supl 3):S14-S1.

- Demetriades D, Gkiokas G, Velmahos GC et al. Alcohol and illicit drugs in traumatic deaths: prevalence and association with type and severity of injuries. J Am Coll Surg. 2004;199:687-692.

- ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução de diretoria colegiada – RDC n°327, de 09 de dezembro de 2019. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-n-327-de-9-de-dezembro-de-2019-232669072. Acessado em: 19 ago. 2021.

- Yildirim E, Selcuk M, Saylik F, Mutluer FO, Deniz O. Effect of Heroin on Eletrocardiographic Parameters. Arq Bras Cardiol. 2020; 115 (6):1135-1140.

- Ferreira PEM, Martinib RK. Cocaine: myths, history and abuse. Rev Bras Psiquiatr. 2001; 23(2):96-9.

- Grotenhermen F. Los cannabinoides y el sistema endocannabinoide. Cannabinoids. 2006; 1(1):10-14.

- Halpern SC et al. Vulnerabilidades clínicas e sociais em usuários de crack de acordo com a situação de moradia: um estudo multicêntrico de seis capitais brasileiras. Cad Saúde Pública. 2017; 33(6):e00037517

- Holmen IC, Beach JP, Kaizer AM, Gumidyala R. The association between preoperative cannabis use and intraoperative inhaled anesthetic consumption: A retrospective study. Journal of Clinical Anesthesia. 2020; 67:109980.

- Luft A, Mendes FF. Anesthesia in Cocaine Users. Rev Bras Anestesiol. 2007; 57(3):307-314.

- Oliveira BP, Montalvão DB, Teruel LR, Fernandez WS. Ecstasy e seus efeitos no organismo. Revista Científica Eletrônica de Enfermagem da FAEF. 2019 Jun; 2(11).

- Paula VF et al. Differential behavioral outcomes of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA-ecstasy) in anxiety-like responses in mice. Braz J Med Biol Res. 2011; 44(5): 428-437.

- Pesquisa revela dados sobre o consumo de drogas no Brasil. Portal Fiocruz [internet]. [Rio de Janeiro]: Fiocruz; c2019-2021 [citado 22 Jul 2021]. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/.

- Santos IXP et al. Considerações sobre o manejo anestésico em usuários de drogas. Revista Eletrônica Acervo Científico. 2021 Fev; 21:e5869.

- Silva EFQ. Revisão de métodos para determinação de cannabinoides em matrizes biológicas por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada ao detector de espectrometria de massas [trabalho de conclusão de curso]. [Rio de Janeiro (RJ)]: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2017. 62p.

- UNODC. Survey of territories affected by illicit crops – 2016. Columbia; August 2017. 216 p.

- Vasica G, Tennant CC. Cocaine use and cardiovascular complications. Med J Aust. 2002 Set; 177(5):260-6.

- Villalobos ME et al. Perioperative care of cannabis users: A comprehensive review of pharmacological and anesthesic considerations. Journal of Clinical Anesthesia. 2019 Nov; 57:41-9.

- Xavier CAC et al. Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos, mecanismo de ação e abordagem clínica. Rev. Psi. Clín. 2008 Dez; 35(3):96-103.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 Gabriell Simões de Castro, Arthur Bassolli Larcher Lima, Gabriela Almeida Rocha, Ludmilla Miranda Pedro, Danielle Cristina Zimmermann Franco