Resumo
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune inflamatória crônica e sistêmica, apresenta períodos de exacerbação e de remissão, com sintomatologia, achados laboratoriais e prognósticos variáveis. Houve melhoria na sobrevida em 10 anos para pacientes com LES nas últimas 5 décadas, entratanto as taxas de mortalidade por LES permanecem alta quando comparadas às da população em geral, o que ocorre devido à atividade da doença, complicações do tratamento, infecções ou a fatores crônicos de comorbidades. Este estudo teve como objetivo descrever e discutir a principal causa de óbito e aspectos sociodemográficos, manifestações clínicas e laboratoriais dos pacientes com LES no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) e comparálos com dados da literatura. Foi realizado um estudo retrospectivo, descritivo e observacional dos pacientes com LES que foram a óbito no HC-UFG entre janeiro de 2005 a outubro de 2019. Foram analisados 39 prontuários, dos quais 28
foram validados após os critérios de exclusão. Também coletou-se dados do DataSUS sobre a mortalidade por LES na região Centro-Oeste no mesmo período para comparação. O teste t de Student foi utilizado na comparação sociodemográfica entre pacientes da Região Centro-Oeste e pacientes do estudo. Os valores foram considerados estatisticamente significativos quando p<0,05. O número de paciente internados por LES no perído foi de 651, dos quais 28 vieram a óbito, com taxa de mortalidade de 4,3%. Vinte e seis (92,8%) eram do sexo feminino e 2 (7,1%) do sexo masculino. A média de idade ao óbito foi de 35 ± 15,69 anos, sendo a faixa etária mais acometida a de 20 a 29 anos. Dados do DataSUS revelaram 78 mortes por LES na região Centro-Oeste no período, e não houve diferença estatistica para sexo, idade e etnia quando comparado com a amostra no HC-UFG. A idade média ao diagnóstico foi de 28,2 ± 13,37 anos, variando de 8 anos a 69 anos, e o tempo médio entre diagnóstico até o óbito foi de 93,11 ± 107 meses, variando de 3 dias a 24 anos. As principais manifestações clínicas foram artralgia, artrite, acometimentos renais, alterações hematológicas e eritema malar. Os principais achados laboratoriais nos pacientes foram fator antinuclear (FAN), fator reumatoide, anti-Ro, anti-DNA e C3 e C4 baixos. Os principais fármacos utilizados foram corticoide, hidroxicloroquina, pulsoterapia com solumedrol e com ciclofosfamida. No óbito, as principais manifestações da doença eram hematológicas e renais. A principal causa de óbito foi infecção, em 26 (92,8%) pacientes, todos como sepse, sendo que 17 realizaram procedimentos que predispõem a infecção. As outras causas de óbito incluíram 1 IAM e 1 por atividade da doença. A mortalidade por LES no estudo foi de 4,3% e a principal causa de óbito foi infecção, como a presença de atividade hematológica e renal. Com o melhor controle da atividade da doença, houve um aumento de mortes por infecção, e medidas são necessárias para melhorar a sobrevida dos pacientes com LES, como o uso criterioso dos imunossupressores e corticoides, o incentivo a vacinação e menor exposição à situação de risco como procedimentos invasivos.
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